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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Soraya, não desista!

                 "Que farei para herdar a vida eterna?"
Foi a pergunta   que um intérprete da Lei fez a Jesus, em Lucas 10:25. 
Jesus replicou com suas próprias perguntas:
 "Que está escrito na Lei? Como interpretas?"

                Soraya estava linda naquela noite. Colocara um belo vestido escolhido cuidadosamente para a ocasião. Ela e o namorado sairiam para comemorar uma data especial. Dois anos de namoro, de companheirismo e descobertas que os aproximava mais e mais. Era impossível ficarem separados e algumas vezes faziam planos para o futuro. Coisas de apaixonados. Ela caprichara no visual e estava satisfeita com o resultado. Para sua surpresa o namorado a presenteou com um anel de diamantes e a pediu em casamento. Nossa, era muita felicidade, parecia que ia estourar de tão contente que estava. Brindaram com champanhe. Dançaram enlevados e entrelaçados. Seus olhos brilhavam como estrelas. Terminaram a noite juntos em juras de amor eterno e votos ardentes de confiança e fé na vida futura.

                O tempo passou e o casamento estava se aproximando, entretanto uma sombra nublava os olhos de Soraya. Sua mãe era contra o casamento. Fazia tudo que estava ao seu alcance para atrapalhar a relação da filha. Queria que ela ficasse em casa ajudando a manter a família que se compunha de mãe, filha e um irmão solteiro que beirava os 30 anos e não trabalhava. Dizia que era difícil arrumar emprego. Sempre que saia para fazer entrevistas voltava de mãos abanando. Não era compreendido e todo mundo o perseguia. Era acobertado e sustentado pela mãe que exigia que Soraya fizesse o mesmo. Como a filha não aceitava este jogo a mãe se voltava contra ela. Fazendo inclusive trabalhos para afastar o noivo.
                Soraya procurava levar as relações familiares de forma a não se contaminar pelas mentiras e armadilhas que eram preparadas para ela. O noivo era a única alegria de sua vida. O trabalho dava a ela o equilíbrio necessário. Os estudos a mantinham ocupada.  Sua vida era o trabalho, os estudos e o noivo. A família estava se transformando num peso difícil de carregar. Era tratada com escárnio e deboche. E um belo dia a mãe comunicou que dali em diante a mesma pagaria aluguel para morar com eles. Mais um golpe para tirar dinheiro dela e suprir a falta de recursos do irmão.
                Uma tarde Soraya estava no trabalho e sentiu uma pontada na cabeça, um zumbido forte nos ouvidos, uma tontura repentina que a obrigou a sentar rapidamente para não cair. Foi assistida pelos colegas que no momento estavam com ela e a ampararam. Foi ao médico porque a cena se repetiu durante alguns dias e o noivo começou a ficar preocupado com seus relatos. Nada foi detectada de grave, apenas uma labirintite, apontada após alguns exames de rotina. Tratamento a fazer, remédios a comprar e tudo ficaria bem. Mas não ficou. Ela começou a ouvir vozes. Uma lhe dizia insistentemente, durante horas a fio para praticar o suicídio, porque não era ninguém. Não servia para nada, era uma inútil e a melhor coisa a fazer era buscar a morte. A outra voz lhe dizia suavemente, com todo amor, para não desistir, que era especial, para procurar ajuda, que não estava sozinha, tinha amigos velando por ela.
                A confusão instalou-se em sua vida. Era difícil conviver com as vozes, que se alternavam uma gritando, furiosa, induzindo a por fim a sua vida e a outra falando suavemente. Contou ao noivo e pediu ajuda, estava certamente enlouquecendo. Foi despedida do emprego. Precisou largar a faculdade porque não podia mais pagar os estudos. Não tinha mais reservas econômicas. Foi internada em uma clínica psiquiátrica duas vezes, por tentativa de suicídio. A família a tratava com acidez e desprezo. E a mãe com a sensibilidade de um camelo disse que deveria sair de casa, procurar um lugar, já que não podia mais pagar pelo quarto.
                Cansada, derrotada, sem dinheiro para nada, tendo rompido o noivado, sem ter a quem recorrer, Soraya foi acolhida por uma vizinha que a conhecia desde pequena e ficara sensibilizada pelo mau pedaço que ela estava passando. A senhora também tinha poucos recursos, mas ajudou como pode. Frequentava uma casa de caridade e a levou para um atendimento. Tinha fé que daria resultado. Enquanto a moça era atendida, ficava esperando para acompanhar no retorno ao lar. Foi então descoberto que ela estava passando por um processo de enfeitiçamento, magístico, negativo, demandado contra ela. Por interesses escusos e egoístas, haviam sido instalados em seus campos vibratórios alguns obsessores, que lhe enviavam as ordens de suicídio. Muitas vezes a vizinha que a acolhera, não tinha recursos e o grupo que a atendia lhe fornecia o valor das passagens de ida e volta, para que pudesse retornar e continuar o tratamento, que foi longo.
                 Fazia parte do mesmo os passes, palestras, leitura do evangelho no lar uma vez por semana, magnetismo para recuperar as forças e regenerar os corpos combalidos pelo sofrimento. Foi duro, foi longo. A voz que falava suavemente venceu e a outra desapareceu definitivamente. Com esforço e garra Soraya retomou o comando de sua vida. Conseguiu outro trabalho. No próximo ano recomeçaria os estudos. Adquiriu novas forças e recuperou a saúde. Retomaria o rumo de sua caminhada e escreveria uma nova história. Ficou morando com a senhora que a amparou e deixou a casa paterna em definitivo. Esta novamente desbravando o futuro.
                Soraya fez jus à ajuda espiritual que recebeu porque buscou com todas as forças de que era capaz compreender o que estava passando e seguiu com determinação o tratamento recomendado, tanto físico como espiritual. Agarrou-se a vida e quando soube que os trabalhos eram feitos pela mãe, depois de passado a tristeza da descoberta, já estando amparada e em tratamento, perdoou, porque entendeu que ela ainda era ignorante quanto às leis espirituais que regem os mundos. Seguiu com passos firmes e resolveu se dedicar aos estudos e ao trabalho espiritual, para devolver um pouco do amor que recebera.
                O destino estava selado para todos os envolvidos e cada um receberia o que de direito por suas atitudes e tentativas de manipular a vida de outrem. Agora era com Deus. Ele colocaria os filhos rebeldes em aprendizado, que daqui para frente poderia ser desagradável. Choque de retorno por todos os desmandos cometidos. Assim é a Lei.

Lizete Iria - médium do Triângulo.
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