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domingo, 15 de setembro de 2013

Como agradar os Orixás.

Por Ronaldo Figueira

Certa vez, um homem foi se consultar com um Babalawo. Queria saber por que não dava nada certo em sua vida.

Ao receber a mensagem de Ifá, descobriu qual era o problema. O Babalawo lhe disse:

- Meu filho, sua vida não vai pra frente porque você não fez as oferendas que deveria.

Surpreso o homem indagou:

- Fiz oferendas a todos os Orixás. Como posso não ter feito as oferendas que deveria?! Fui à cachoeira, agradei mamãe Oxum com Ipetê. Fui até o mar, a Yemanjá ofertei flores e perfumes. Nos campos, ofereci a Ogum um cará regado com muito dendê. A Yansã, arriei nos pés de um bambuzal nove acarajés. Em um lindo bosque, oferendei um sarapatel à Nanã e na Calunga deixei junto ao cruzeiro um alguidar com pipocas à Obaluayê. Xangô comeu um saboroso amalá que arriei na pedreira e a Oxossi, levei até as matas um banquete com abóbora, milho, côco e muito mais. E ao glorioso pai Oxalá, oferendei, em um lindo jardim, uma saborosa canjica coberta com muito mel. Agora pergunto: - Ainda faltou alguma coisa?!

 - Faltou o principal, meu filho!

Quando você foi à cachoeira agradar a Oxum, pediu-lhe amor e lhe deu um Ipetê. Mas não ofertou o amor que ela esperava que tivesse pela sua religião, pelos seus antepassados e pelo seu semelhante. Nas águas de Yemanjá, você pediu que abençoasse sua família, mas não é só com flores e perfumes que se agrada a rainha do mar. É preciso que trate a todos os seus irmãos com respeito, pois somos todos uma só família. Nos campos de Ogum, não basta lhe dar um cará. Necessita-se ter a bravura de um guerreiro para suportar os desafios inerentes à vitória almejada. Os ventos de Yansã, que sacodem o bambuzal, trazem os ares da certeza que põem em ordem os corações duvidosos, levando os eguns desorientados, desde que os acarajés ali arriados sejam regados com o fogo da coragem e do entusiasmo. Nos bosques sagrados de Nanã, só se consegue adentrar com profundidade quem traz consigo não só o sarapatel, mas a sabedoria, pois sem ela não se pode se livrar do lamaçal da vida causado pela maledicência, geradora da falta de fé. Na casa do velho Obaluayê, o senhor das passagens, não adianta arriar o deburu (pipoca) se não vivenciar o que isto representa. É necessário mergulhar no fogo da intolerância, deixar a casca dura da vingança e saltar como uma linda flor. O amalá deixado na pedreira só agrada a Xangô se seu coração não estiver como uma pedra, pois assim não adianta pedir para ele aplicar a justiça sobre seus desafetos, porque você não evoluiu o suficiente para discernir justiça de vingança. Seria melhor ter pedido que o ensinasse a proceder com justiça para com o próximo. Para Oxossi, não era necessário um banquete. A fartura em sua vida virá quando você repartir com os menos favorecidos aquilo que você tem em abundância, pois quem reparte aquilo que tem, nuca lhe faltará. Quanto ao bondoso e cristalino pai Oxalá, requer-se muito mais que uma canjica para agradá-lo. Sua oferenda é o seu coração.

Não basta que a canjica esteja cândida; seu coração é que deve estar tomado da mais pura brancura. Você pediu paz, mas não agiu de forma pacífica durante toda a sua vida. E ainda disse que os trabalhos não deram certo.

Ora! Não foram os trabalhos, ebós, sacrifícios e oferendas que fracassaram. Avalie sua vida até os dias de hoje. Coloque um ponto final no modo egoísta de viver. Volte até o recanto dos Orixás e lhes peça todo o axé necessário para que suas mãos possam produzir neste mundo a paz, o amor, a fartura, a justiça, a coragem, a sabedoria e a força geradora das obras do bem. Somente após mudar sua própria maneira de agir, de modo a poder plantar e regar boas sementes, você poderá colher os frutos de um novo amanhecer. Até lá, faça com fé suas oferendas. Os guias espirituais estarão junto de você.
Mas não esqueça que a maior oferenda é o seu coração!
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