Esse é um fenômeno muito corriqueiro
entre nós. São os casos em que as pessoas se tornam, reciprocamente,
obsessoras. O mal seria o mesmo da chamada perseguição de um desencarnado sobre
quem está entre os que experienciam na carne. A diferença do processo, muitas
vezes, encontra-se apenas na invisibilidade.
Muitas pessoas se queixam que sofrem perseguição de alguém ou que se sente
sugada por determinada criatura. Às vezes tem-se a impressão que ela vive para
impedir a felicidade do outro. Óbvio que esses acontecimentos, quase sempre,
tem sua origem em contendas antigas que varam o tempo. Não é por acaso que
certas circunstâncias chegam em nossas vidas. A força imantadora do débito ou a
necessidade imperiosa de aprendizado, ou ainda a carência que temos de devolver
a alguém o que usurpamos no passado se impõe vertiginosamente nessas relações
doentias.
O interessante, alem de saber que sem motivos a problemática não se instalaria
em nossas vidas, é ter consciência que o procedimento para lidar com tal
processo se relaciona com o redirecionamento de nossa existência. O Evangelho
traz um grande contributo para que venhamos a quebrar o triste "elo"
que nos mantém envolvido em tal situação. Perdão sincero, serenidade operante e
determinação em superar tal fato são elementos fundamentais. Quase sempre não é
fácil pelos mecanismos de interdependência emocional, afetiva e até de mágoas
mútuas que vão consolidando a nefasta simbiose. Por isso que o perdão é recurso
poderoso na solução do drama. O mal se alimenta da mágoa, do ressentimento, do
ódio que se aninha nas entranhas da relação, vitalizando a agonia do inferno
dessa relação.
Não podemos seguir adiante na construção da felicidade mantendo núcleos de
animosidade ferrenha no rastro que deixamos. Ser livre para conquistar o futuro
passa por conseguirmos alterar as forças que marcam nossas provas. Mudar a
energia distoante que nos vinculam a quem nos persegue ou que se sente credor
nosso. Esses lamentáveis fatos são lições que nos fazem refletir o que estamos
fazendo da nossa capacidade de relação. Ninguém lesa o outro sem estar lesando
a si próprio. Nossos atos são forças vivas que vencem o tempo e o espaço,
magnetizando-nos àqueles que foram alvos de nossas atitudes.
O amor que cobre a multidão de pecados é o alimento divino que pode modificar
todo o ambiente. Junto com o arrependimento sincero, alem da resignação
operosa, sem acusações descabidas, representam trunfos da alma em sua
trajetória para se livrar, ante o tempo breve ou mais longo, desses gêneros de
obsessão. Tanto a perseguição tradicional quanto à de encarnado para encarnado,
o caminho é a melhoria de vibração pessoal, pagando todo o mal com o bem. Para
toda plantação haverá sempre a colheita correspondente. Plantemos o melhor
agora. Ante a lei do progresso, toda animosidade se transformará, um dia, em
sincero afeto, clareando toda a sombra à nossa volta.