Pergunta
– Entendemos que o amor é fator de saúde perispiritual e física, pois muitas
doenças são causadas pelo desamor. Quais seriam as consequências da falta de
amor nas religiões?
Ramatís – Jesus, na
primeira vez que visitou Jerusalém, a orgulhosa capital de Israel, acostumado à
“maresia” suave que, igual a brisa benfazeja, cobria as comunidades simples que
habitavam ao largo do mar de Tiberíades na Galileia, surpreendeu-se com os
cheiros pútridos dos esgotos abertos nas ruas mal conservadas, que inundaram
suas narinas sensíveis, acostumadas em suas peregrinações aos odores suaves da
natureza pura. O amoroso Rabi tinha o seu chacra frontal completamente
desenvolvido e assim como o condor voando enxerga a serpente rasteira na
escarpa montanhosa, com sua acuidade clarividente extraordinária foi inevitável
visualizar os miasmas exalados pelos habitantes – encarnados e desencarnados - da
cidade “gloriosa” do judaísmo, chafurdada numa crise de natureza econômica e
moral, com uma população sedenta de prodígios explorada pelos religiosos
concupiscentes, sem nenhum amor, e pelos romanos, tributaristas implacáveis.
Mesmo o templo principal tendo sido ornado com madeiras
nobres do Líbano e painéis de ouro maciço, a miséria espiritual reinava e os
recintos internos da catedral israelita não convidavam à introspecção religiosa,
pela frieza formalista dos sacerdotes, que só queriam remunerar-se pelos ritos
de purificação aplicados, como santos de pau oco, bonitos por fora, mas vazios
por dentro.
No entorno do templo, negociantes de todo tipo e vendedores
de animais para os holocaustos misturavam-se a centenas de sacerdotes
dependentes dos dízimos, das ofertas e dos restos de carne dos bichos sacrificados
para se alimentarem. Havia ainda uma estrutura subterrânea de canaletas
nauseabundas que desaguavam do altar dos sacrifícios, vindo direto do templo e
escoando em espécie de condutos mais largos que levavam às valas públicas de
esgotos, movimentando o sangue putrefato dos irmãos menores imolados em nome de
Deus direto para o rio Siloé. Era um clima psíquico repugnante, que fazia a
aura da cidade quase insuportável para Jesus, por suas exalações mórbidas.
Aglutinava-se enorme quantidade de espíritos malfazejos vampirizadores que
perambulavam desocupados, sedentos dos eflúvios etéricos sanguinolentos, ao
redor da “igreja” principal dos herdeiros de Abraão na época. O imperativo da
falta de amor fazia da religião um disfarce para a exploração dos pobres e
sofridos de todos os gêneros e servia um banquete para o astral inferior, que
se locupletava prazerosamente com a mortandade servida nas liturgias vigentes.
Entristeceu-se o coração amoroso do Rabi da Galiléia com o
que viu nos dois planos de vida. Fechou os olhos por momentos, imaginando-se no
lago de Genesaré, no meio dos simples e amorosos pescadores, energizando-se em
desdobramento astral imposto pela sua dilatada força mental de iogue avançado, assim suportando
aqueles chocantes momentos iniciais de contato com a paisagem humana degradada,
ensimesmada e mórbida em suas doenças degenerativas, sequiosa de milagres, a
qual o poder temporal da religião dominante, com falsos preceitos e ritos de
imolação, supunha “purificar”. Almas decaídas, hipnotizadas nas exterioridades
do mosaismo punitivo, pagavam aos doutores da lei para terem seus pecados
expiados pelos bodes e touros queimados no altar sacrificial, num círculo
vicioso que somente o Messias enviado, com o seu holocausto, conseguiria
interromper.
Caminhava Jesus, a pomba branca da paz, entre lobos, hienas
e chacais que disputavam ferrenhamente as mesmas presas. Quando Ele começou a
tocar os corações com seu verbo, apresentando Seu programa redentor, houve uma
tremenda comoção social, como se um raio de Sol cortasse a noite escura, do
Oriente ao Ocidente, da crosta aos umbrais, dos céus aos infernos, anunciando a
iluminação das consciências pelo amor incondicional que se irradiava para todo
o planeta. Assim como a gota do mar que retorna ao oceano,
houve o reencontro da humanidade com o
Todo Cósmico Amoroso "materializado" no Messias, como era quando o
Pai vos criou d’Ele mesmo, chispas da Luz Divina.
Refleti onde estão os modernos templos de Jerusalém e os
localizareis com seus pastores midiáticos enfarados, magos fesceninos, pais de
santo com facas na mão, expositores doutrinários cheios de sofismas e
verborragia que ditam a cartilha da verdade; escritores sectários das
revelações divinas, médiuns mercenários poderosos, projetores astrais facilitadores,
mestres e gurus da Nova Era ... Infelizmente todos cheios de si mesmos, como
vasos repletos de pó ressecado que não deixam entrar a luz solar, consequência
nefasta da falta de amor vigente nas doutrinas e religiões terrícolas por eles
abraçadas e defendidas.
Do livro REZA FORTE.