Do
ponto de vista da ecologia, uma comunidade é a totalidade dos
organismos vivos que fazem parte do mesmo ecossistema e interagem
entre si, correspondendo, não apenas à reunião de indivíduos e a
sua organização social, e sim ao nível mais elevado de
complexidade como se fosse um organismo vivo autônomo. Então, uma
comunidade possui um fluxo contínuo de energia, diversidade de
espécies e processos de sucessão.
Sob
a perspectiva de religião, uma comunidade é um conjunto de pessoas
que se organizam sob um mesmo axé, sob o influxo de um conjunto de
normas conhecido, convivendo num espaço comum sacralizado,
compartilhando de um mesmo legado cultural e histórico. Uma
comunidade religiosa de Umbanda, como o Grupo de Umbanda Triângulo
da Fraternidade, objetiva despertar no íntimo de cada indivíduo,
potencialmente no seu corpo interno de médiuns trabalhadores, e de
forma mais eletiva em sua assistência, o sentimento de
religiosidade, de religação com Deus, que se encontra no íntimo de
cada consciência. Ao contrário do religiosismo que aprisiona o ser
no culto ao EGO de líderes, a religião deve libertar despertando a
religiosidade, que é estado latente e em contínua germinação
inerente a cada espírito imortal.
Assim,
uma comunidade religiosa de Umbanda, é o espaço onde se propicia as
vivências com os Falangeiros e Orixás que só podem ocorrer em
comunhão de pensamentos, numa união coletiva disciplinada e
formadora da egrégora necessária para o intercâmbio mediúnico
saudável, objetivando o bem comum da coletividade.
Infelizmente,
hoje se nota a exacerbação do individualismo eivado de tentativas
de se reduzir a significação dos grupos e templos religiosos em
geral, notadamente os de Umbanda, banalizando-se os processos de
iniciação espiritual e aviltando-se o tempo necessário, pois tudo
é muito rápido: fundamentos são repassados a distância; fórmulas
são ensinadas em fóruns de discussão; magias são receitadas como
bolo caseiro e tradição virou sinônimo de “saber” aprendido na
frente do monitor ao invés de absorvido e internalizado com a
convivência na comunidade de axé, templo religioso, centro ou
terreiro de Umbanda.
Resgatemos
a mediunidade, o saber aprendido com os ancestrais, a pedagogia com
os espíritos, que a tarefa caritativa aceita e praticada numa
comunidade religiosa de Umbanda, uma casa de axé e fundamento,
propicia aos seus membros.
Valorizemos
o sentimento de pertença, o tempo, os mais velhos, o saber
vivenciado, a instrução repassada, o estudo em conjunto.
Reflitamos
a respeito.
Muita
paz, saúde, força e união.
NORBERTO
PEIXOTO.