"Assim é a Magia: quando subordinada ao tema folclórico, costumes e conhecimentos do mesmo povo ou raça, dinamiza as energias da natureza e catalisa o magnetismo do mundo astral num processo coerente e útil."
PERGUNTA: Mas os umbandistas veteranos afirmam
que praticam a magia africana iniciática, enquanto os neófitos é que
enfraquecem tal processo pela confusão da mistura provocada pelos elementos de
outras raças.
RAMATÍS: Exceto alguns raros entendidos no
assunto, grande parte dos umbandistas ainda pratica um amálgama da magia
africana, ameríndia, católica, impregnadas por cerimônias e
"mantrans" do ocultismo oriental, constituindo um sincretismo
religioso bem intencionado, mas impuro em sua expressão mágica. Pouco a pouco e
sob a direção de estudiosos do assunto, a Umbanda identificará a magia
castiça e coerente decalcada nos costumes e temperamentos do povo brasileiro,
cujos trabalhos produzirão excelentes efeitos benfeitores no campo da cura na
fenomenologia mediúnica.
Conforme dissemos, há grande
diferença no rito mágico do povo nagô, banto, de Bengala, Cambinda e Angola,
embora todos sejam africanos. Os sacerdotes negros de cada um desses povos
praticam a magia conforme o temperamento, clima e os costumes locais. A
mistura, nestes casos, enfraquece o ritmo da catalisação magnética ou fluídica das
emanações de certa natureza e debilita o "clímax" da magia! Ademais,
no Brasil, a Umbanda ainda é doutrina manejada por muitas criaturas
incipientes, que após alguns breves contatos nos terreiros, logo se arvoram em
"chefes" ou entendidos, pontificando à guisa de veteranos
experimentados e mobilizando as mais exóticas e burlescas expressões à conta de
processo sadio de magia. Estabelece-se verdadeira confusão de símbolos
estranhos ou ridículos simulando "pontos riscados", que além de não
vibrarem na cortina do astral invisível por falta de éter-físico suficiente,
não condizem com a natureza das falanges convocadas, nem identificam o tipo de
trabalho mediúnico tradicional da Umbanda. Certas vezes, médiuns e chefes incipientes de terreiros, convocam a Linha de Ogum para um trabalho de Justiça ou de Yemanjá para uma descarga fluídica no astral do mar, e riscam pontos de tal infantilidade, que ali se misturam símbolos, emblemas e exotismos incompreensíveis, além de fragmentos de convenções e chamadas de outras falanges como Xangô, Oxossi ou até Omulú, que nada tem a ver com os casos em foco. Há terreiros atulhados de tanta quinquilharia que mais parecem um bazar de sírio! Há trabalhos exaustivos onde se convocam centenas de espíritos para resolver um caso individual, de somenos importância, que nos fazem lembrar criaturas usando "pé-de-cabra" para abrir caixas de fósforos!
A maioria desses
improvisados magos de última hora, acredita que é bastante traçar algumas
flechas entrecruzadas com estrelas de cinco pontas ou signos de Salomão, ou
desenhar o Sol e a Lua entrelaçados de espirais e triângulos, para surtir um
efeito impressivo nas falanges à distância e desencadear o ritmo de magia
adequado. O rito mágico, que se entende o aproveitamento científico das forças
ocultas da Natureza para fins de operações no mundo material, além do perfeito
conhecimento do seu autor, exige, também, vontade poderosa e perseverança
incomum!
Assim é a Magia: quando subordinada ao tema folclórico, costumes e conhecimentos do mesmo povo ou raça, dinamiza as energias da natureza e catalisa o magnetismo do mundo astral num processo coerente e útil.
Assim é a Magia: quando subordinada ao tema folclórico, costumes e conhecimentos do mesmo povo ou raça, dinamiza as energias da natureza e catalisa o magnetismo do mundo astral num processo coerente e útil.
Mas não
passa de inofensivo passatempo, ou prática supersticiosa, quando entremeada de
símbolos, objetos, ervas, minerais eu elementos pertencentes a outra raça ou
povo onde ela se forjou, como um processo catalisador das forças magnéticas da
Natureza. Como conciliar num mesmo processo harmônico de magia o mentalismo
indomável do sacerdócio hindu, o magnetismo poderoso dos templos egípcios, a
projeção etéreo-física dos velhos magos da Caldéia, a mobilização de energias
selváticas no "astral inferior" dos negros africanos, o domínio do fogo dos peles-vermelhas,
o poderio e o curandeirismo dos pajés brasileiros sobre os elementos da
Natureza? Sem dúvida, essa mistura divergente enfraquece o ritmo ascendente e a
dinâmica da magia, pois a qualidade
é prejudicada pela quantidade
heterogênea.
Excertos do livro A MISSÃO DO ESPIRITISMO - capítulo sobre a UMBANDA - páginas 179 a 181 da 7º Edição pela Ed. do Conhecimento.