PERGUNTA: - Desde que o médium, em face da
forte separação congênita do seu duplo etérico, seja propenso a enfermidades e
mais vulnerável ao ataque dos espíritos inferiores, isso não é um sacrifício
exagerado e algo incompatível com o senso de justiça do Alto?
RAMATÍS: - Nenhum espírito encarna-se na
Terra com a tarefa obrigatória de ser médium psicógrafo, mecânico,
incorporativo ou de efeitos físicos, mas, na verdade, cada um o faz por sua
livre e espontânea vontade, pois solicitou do Alto o ensejo abençoado para
redimir-se espiritualmente num serviço de benefício ao próximo, uma vez que no
pretérito também usou e abusou dos seus poderes intelectuais ou aptidões
psíquicas em detrimento alheio. Mesmo na Terra, as tarefas mais perigosas devem
ser aceitas de modo espontâneo, para que o seu responsável não venha a fugir
posteriormente de cumpri-Ia por desistência pessoal. Sem dúvida, a escolha para
o serviço perigoso sempre recai sobre o homem mais apto e capacitado para o bom
êxito. A mediunidade de fenômenos físicos, portanto, é um serviço incomum,
difícil e perigoso, cujos óbices vultosos e surpresas exigem o máximo de
prudência, humildade, heroísmo e segurança moral.
O médium, antes de encarnar-se, sabe
disso; se, depois, ele comercia com os bens espirituais e fracassa no
desempenho contraditório de sua função elevada, o Alto não deve ser culpado
disso, só porque lhe proporcionou o ensejo redentor. A culpa, é evidente, cabe
ao próprio fracassado ante a imprudência dele aceitar tarefas mediúnicas que
estão além de sua capacidade normal de resistência espiritual. As oportunidades
mediúnicas redentoras são concedidas aos espíritos faltosos, mas quanto à
responsabilidade do êxito ou fracasso, somente a eles deve ser atribuída.
Conforme já dissemos, o médium é quem produz as próprias condições gravosas ou
favoráveis no desempenho de sua tarefa mediúnica.
Quando faz uso indiscriminado de
anestésicos, entorpecentes, fumo, álcool e carne, essas substâncias tóxicas
expulsam com violência o duplo etérico do corpo físico; entrega-se
desbragadamente às paixões violentas, aos vícios e prazeres condenáveis, então
isola-se imprudentemente dos próprios guias responsáveis pela sua segurança
mediúnica no mundo terreno. O certo é que Jesus, Buda, Francisco de Assis,
Ramacrishna, Teresinha de Jesus, Antônio de Pádua, Vicente de Paula e outras
almas de elevada estrutura espiritual foram médiuns poderosos e colocavam-se em
contato freqüente com as entidades desencarnadas, durante sua existência
heróica, sem risco de serem vítimas do poderio e fascinação das Trevas.
Infelizmente, os médiuns de provas
são criaturas que vivem a atual existência humana onerados por grandes
responsabilidades ou débitos do passado; por isso, em face de qualquer descuido
ou invigilância espiritual, eles se tornam vulneráveis às investi das
perniciosas do mundo invisível, pois os de efeitos físicos, com raras exceções
e por causa da expulsão do seu duplo etérico, entram em transe à semelhança de
ataques de epilepsia ou dos viciados de entorpecentes. No entanto, os médiuns
regrados, serviçais e magnânimos, alcançam o seu transe mediúnico sob a
assistência dos espíritos técnicos benfeitores, que do "lado de cá"
os protegem e os livram das interferências nocivas e conseqüências
prejudiciais.
Sob esse controle espiritual amigo,
o médium afasta ou retoma o seu duplo etérico sem o desperdício inútil de
energias, uma vez que fica amparado contra a investida do astral inferior.
Assim, ele se protege de infiltração de microrganismos perigosos à sua
contextura etéreo-física, de uma desvitalização que lhe abale a saúde física.
Do livro ELUCIDAÇÕES DO ALÉM.