Eis
que inacreditavelmente mais um ano se passou e acompanhamos pasmos 2013,
que despediu-se deixando em cada um as mais variadas emoções. Dizem alguns que
foi ótimo ano para os negócios, outros para as relações interpessoais, outros
para suas tentativas de aparecer a qualquer custo e passar por cima de quem
quer que seja. Muitos lamentam a perda de amores, empregos, vantagens pessoais,
fortunas que se perderam, amor próprio que foi para o brejo, humilhações para
continuar fingindo que está tudo bem e não aceitar a perda do pretenso brilho e
posições sociais.
As
contradições são muitas e cada um sofre uma dor particularmente dolorida,
porque uma perda equivalente para outro vai apresentar peso diferente e nem
todos tem os mesmos interesses, variando conforme o momento e os valores
pessoais. Urgente nem sempre tem a mesma medida e a futilidade costuma fazer
parte do cotidiano dos desejos e anseios das pessoas. Alguns querem ter seu
amor de volta a qualquer custo, mesmo sabendo que o ex não quer mais saber da
antiga relação e talvez já tenha se vendido por mais vantagens e ouropéis.
Mesmo assim argumentam e discutem cheios de lógica e razão nas suas falsas
pretensões, apresentando jogos de raciocínio que os conduzem em suas
elucubrações mentais a pensar que estão plenos de razão em suas querenças descabidas
e quando são surpreendidos com um ponto de vista que derruba todos os seus
argumentos, sorriem amarelo e dizem mais para si mesmo, tentando convencer sem
muita lógica que têm a resposta para tudo: - Ah! Mas ele ou ela é tão
bonitinho, tem uma carinha de anjo, vale a pena lutar! E aja ouvido de caboclo, de preto velho, de
cigano, de exu e outras entidades amorosas que se dispõem a vir até a Casa de
Caridade para amenizar o sofrimento das pessoas e trazer consolo para aqueles
que realmente têm necessidade por estarem passando por dificuldades sérias em
sua trajetória familiar, pessoal, profissional, doenças graves e todo tipo de
mazela de cortar o coração de qualquer um.
Onde fica o senso de justiça e juízo das pessoas quando acorrem as Casas de Caridade para conseguirem vantagens pessoais e se beneficiarem superfluamente com atitudes e desejos banais desprovidos de fundamento e querem por que querem ver atendidos? O que será que pensam que ouvido de caboclo é? Que cada um despeja o que bem entender? Que os abnegados trabalhadores da seara espiritual não têm mais o que fazer do que ficar atendendo caprichos e achaques de consulentes? Não ficam nem ao menos rubros quando solicitam algo fútil e ao seu lado alguém implora pela recuperação do familiar ou filho amado acometido de séria doença? Os espíritos amorosos ouvem com atenção e carinho, recomendando ações que levem as pessoas a analisar o teor de seus desejos e a validade dos mesmos, entretanto elas batem o martelo e argumentam e contra argumentam para defender a validade de seu ponto de vista, que consideram justo e perfeito. Tais atitudes não passam despercebidas dos medianeiros, que não sendo inconscientes participam ativamente da conversa traduzindo o diálogo com a maior fidelidade possível, para que o consulente se beneficie do contato com a entidade que ali está para servir com todo amor, tentando despertar a consciência daqueles irmãos, doando seu tempo com desprendimento, mas o médium, mesmo sentindo todo o empenho de seus guias, muitas vezes, fica estupefato com a cara de pau das pessoas desprovidas de maiores valores morais e espirituais e que só querem se beneficiar e tentam sub-repticiamente passar a lábia nas entidades benevolentes para defender seus interesses escusos.
Além da
provação de exercer a mediunidade como forma de se adiantar moral e
espiritualmente, de buscar o conhecimento e aprimoramento através do estudo e
da educação mediúnica, de conviver com todos os problemas de sobrevivência e
sustento familiar como qualquer outro cidadão, da falta de emprego, dos
engambelos diários a que todos estão sujeitos, de lutar contra suas
imperfeições e conviver com as imperfeições alheias, os médiuns ainda passam
por todo tipo de situação junto aos consulentes que quando não gostam dos
conselhos que ouviram das entidades manifestadas, ficam furiosos e dizem que o
caboclo ou pai velho não é de nada e que o axé da casa está ficando cada vez
mais fraco, que vão procurar outro Templo.
Aja
paciência e força de vontade para superar todos os obstáculos da mediunidade e
se os companheiros espirituais não estivessem lado a lado, ombreando a tarefa
junto com os médiuns, com certeza não haveria condições de exercê-la. Salve os
abnegados companheiros que nos amparam e orientam e muitas vezes nos livram de
poucas e boas enrascadas com orientações e conselhos através da intuição. Temos
a escolha de seguir ou não prestar atenção, mas eles estão sempre nos
alertando, cabe a nós aprender a ouvir e discernir sobre o que é realidade ou
fantasia. Liberdade de escolha. Responsabilidade por nossos atos.
Lizete - médium do Triângulo.