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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Ojú Obá – Os Olhos de Xangô.

       Com certa frequência me vejo fora do corpo físico, o que chamamos de despreendimento do corpo astral. É comum nestas ocasiões, dependendo da necessidade, ver-me no espaço sagrado do terreiro, pronunciando palavras de encantamentos (ofós) na língua yorubana. Esta noite vi-me fazendo uma oferenda para Exu, objetivando o fortalecimento de certo consulente que está sendo atendido no trabalho de magnetismo que ocorre todas as terças. 
      No ato de dispor os elementos – arriar – no astral, recitava palavras em yorubá que na hora sabia o significado, mas ao acordar hoje de manhã ficou só uma vaga lembrança. Recordo-me perfeitamente da palavra OJUOBÁ, que recitava entre três batidas de palmas ritmadas (paó).
     Fui pesquisar e ojuobá é uma palavra da língua yorubá que significa Olhos do Rei ou Os Olhos de Xangô, é um Oyê (título honorífico africano dado àqueles que se tornassem altos sacerdotes e dignitários do culto de Xangô na África). Acredito que foi invocado o “olhos” de Xangô, para que haja discernimento e clareza para os espíritos envolvidos no atendimento em questão e que Exu traga-lhes o poder de concretização dos seus destinos no plano material, sem interferências fora da Lei de Merecimento.

    Certo que os Orixás e os Guias Falangeiros não precisam de oferendas, e sim os seres humanos ou desencarnados comuns. Ao “arriarmos” uma oferenda aos “pés” do ponto de força sagrado dos Orixás no terreiro, não podemos dispensar o saber ancestral que ativa estas forças; os encantamentos (ofós), rezas (àdúrá), evocações (oriki), e cantigas (orin), que são encontrados nos pontos cantados de raiz na Umbanda, passados pelas entidades e em português pelo canal da mediunidade. Foi o próprio Astral que fez as reinterpretações traduzindo e compondo os pontos cantados para utilização no contexto ritual da Umbanda, ritualizada no Brasil. Para saber cantar certo de acordo com os Orixás invocados, só vivenciando no terreiro, e com tempo adequado de pé no chão trabalhando.
    Não cabe cantarmos em uma língua que ninguém entende no terreiro. Por outro lado, os fundamentos devem sem reinterpretados no contexto de época atual em conformidade com a essência da Umbanda: a manifestação do espírito para a caridade.

Fica a reflexão que não devemos negar nossa ancestralidade.

Muita paz, saúde, força e união.
Norberto Peixoto.
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