Apesar da
existência de uma só Unidade Divina, ou seja, a Suprema Lei do Universo, que
governa e disciplina os fenômenos da vida espiritual e física, o espírito do
homem parte da dualidade, ou do contraste, para, então, se ajustar
conscientemente ao monismo de Deus. Ele desperta a sua consciência individual
percorrendo a senda da evolução espiritual, baseado no conhecimento e domínio
das formas, mas sempre balizado pelo dualismo das margens opostas. A sua noção
de existir, como alguém destacado no seio da Divindade, firma-se, pouco a
pouco, nas convenções de positivo e negativo, branco e preto, sadio e enfermo,
masculino e feminino, direito e torto, acerto e erro, virtude e pecado. É a
chamada lei dos contrários, tão aceita pelos hermetistas.
Embora Jesus tenha firmado os seus ensinamentos evangélicos nos acontecimentos
e nas configurações físicas da vivência humana, em seus ensinamentos e parábolas oculta-se a
síntese das leis eternas que disciplinam criativamente o Cosmo. Assim, no
enunciado evangélico de que "Não se pode servir a Deus e a Mamon",
Jesus expressa, intencionalmente, nesse contraste, as leis que regem ambos os
mundos espiritual e material. O reino de Deus, configurando que a verdadeira
vida do espírito imortal é uma resultante do mundo material e se rege por
outras leis infinitas e imutáveis; apesar do dualismo, pela unidade. O homem
consegue a libertação vivendo na matéria, conforme as leis espirituais
expressas por Jesus em sua romagem terrena. É matriz original, que plasma o
cenário de formas do mundo de Mamon, como um invólucro exterior, mas provisório
e conhecido como Universo físico, o qual se constitui por galáxias,
constelações, astros, planetas, satélites e asteróides. É o palco educativo,
para os espíritos virgens, simples e ignorantes modelarem e organizarem a sua
consciência individual, até possuírem a noção de existir no seio de Deus.
Ramatís - O Evangelho à Luz do Cosmo.