Infelizmente, tendo em vista a ignorância das leis doutrinárias espirituais; à abusada necessidade de chamar a atenção sobre si, fazendo da umbanda e seu ritual pedestal para tal; à preguiça de estudar; e a acomodação na fantasia, superstição e crendices, muitos médiuns, que se dizem umbandistas, deformam a sua imagem e mantêm as pessoas carentes e sofridas presas a explicações mirabolantes, fantasiosas e sem cunho doutrinário, viciando-as a uma falsa religiosidade que abriga as acusações, acomodações, conchavos e fofocas, pulando de terreiro para terreiro, como moscas varejeiras, sempre saindo com melindres e acusações, perdendo o essencial que a Umbanda tem a oferecer, que é o encontro com Jesus e o Evangelho, e a chamada para uma renovação interior com a reforma intima e mudança de valores, fonte de paz, alegria e saúde.
Essas atitudes impossibilitam que esses irmãos assumam seu papel em seu próprio caminho e, conhecendo Jesus e o Seu Evangelho libertador, reformem, de forma responsável, suas vidas, e encetem a caminhada para a libertação, cujo fruto é a paz e alegria de viver.
No último censo religioso foi constatado que a maioria das pessoas que entravam para as religiões pentecostais protestantes, eram ex umbandistas.
Isso é um sintoma importante para pensarmos. Se fôssemos conversar com essas pessoas iríamos descobrir que elas, ou faziam parte daquela turma ignorantes, preguiçosas ou carentes, que usavam a Umbanda para sua satisfação pessoal e interesses mesquinhos imediatistas, e que, agora, cansados e vazios, encontraram nessas seitas protestantes um caminho mais seguro, uma forma religiosa de viver. Ou então, faziam parte daqueles que foram “aprisionados” pelos “médiuns de umbanda” a uma visão grotesca, fantasiosa e vazia a respeito dos chamados fenômenos, dos Guias de Umbanda, ou em relação ás explicações sobre o porquê da vida, do sofrimento e da necessidade de crescer.
A UMBANDA existe para ser, na vida daqueles que a procuram, uma RELIGIÃO, ou seja, um instrumento de ajuda à sua religação com DEUS. Ela não é um conjunto de rituais e “guias” incorporados, oferecendo falsos fenômenos e falsas esperanças, com idéias sem nenhuma credencial científico-religiosa que cumpra a sua função específica de libertar o homem, e leva-lo à felicidade e ao equilíbrio pela harmonia no viver.
Já dizia um grande pensador umbandista: “A Umbanda não é um grupo de ignorantes girando em torno do nada”. Para além dos rituais, que são meros instrumentos necessários, está a espiritualização, o encontro com Jesus Cristo, a verdadeira e consciente iniciação nos mistérios iniciáticos cristãos, a descida ao interior, pois como afirma Jesus: ”O Reino de Deus está dentro de vós”.
Está, também, a função evangelizadora como meio terapêutico vital à saúde do corpo e da alma. Jesus afirmava: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai, senão por mim” e mais: “Eu vim para dar a vida, e dá-la em abundância.”
Portanto, para ser religião cristã, a Umbanda tem que ser um meio de levar Jesus, o Libertador, ás vidas das pessoas que adentram os seus Templos.
Orixás, Guias, Mentores estão a postos, no Movimento Umbandista, precisamente para apontar as maravilhas de Deus na natureza e, em nossas vidas, os atributos ou qualidades divinas a que somos chamados a desenvolver para que cheguemos ao Reino de Deus, e permitamos que ele se instale em nosso interior.
O CRUZEIRO DA LUZ, sob a orientação segura do Caboclo Ventania de Aruanda, quer ser aquilo para o qual foi instituído, uma casa a serviço de Jesus e dos seus irmãos, ou seja, um local onde os encarnados, médiuns/corrente, em união com os desencarnados, Guias/Mentores, ajudam as pessoas a encontrarem o caminho de Jesus e do Evangelho.
Para isso a Corrente do Cruzeiro da Luz é iniciática e combate as superstições, crendices, fantasias e exercício mediúnico desequilibrado, pois essas coisas só agradam aos vaidosos, e só conduzem à desilusão, pois inverdades são.
Quando, em nome da Misericórdia de Deus, agem no aconselhamento, nos tratamentos ou na cura, o intuito é sempre elevar e libertar, apresentando o irmão a Jesus e ao seu Evangelho. Sem isso o Cruzeiro da Luz não é nada, pois uma Casa espiritualista que não liberta, mas fica atrelada a histórias de carochinha e superstições, perde a sua missão, aquela de ser um instrumento libertador de vidas, nas mãos do Cristo.
Cada obreiro da Corrente, cada médium, deve ouvir as palavras de Jesus no Evangelho ao chamar e enviar seus apóstolos/discípulos, o que também o somos. No Evangelho de Lucas, cap. 9, versículo 2, está escrito: “Enviou-os a anunciar o Reino de Deus, e a curar os enfermos...”
Sim, Jesus nos envia, junto com nossos guias, a anunciar o Reino de Deus, que é a libertação e a descoberta de uma nova vida interior que se expressa no exterior pela paciência, pelo perdão, pelo amor, numa vivência confiante e corajosa no amor do Pai. Isto, portanto, quer dizer que aquele a ser anunciado não somos nós, somos enviados, apóstolos: “é preciso que Ele cresça e que eu diminua” já dizia João Batista, a partir do seu encontro com Jesus. Quer também dizer que a resposta ao chamado é livre e deve ser exercida com alegria, daí a tristeza de se ver médiuns, querendo chamar a atenção sobre si, apresentando a mediunidade como uma coisa de grande sofrimento e obrigatoriedade.
Quem chega a compreender essa instalação do Reino de Deus em nosso íntimo, nada teme, pois, como dizia um Caboclo Aimoré, a “mandinga de Jesus é mais forte que todas as outras e todos os quiumbas juntos”.
Curar os enfermos significa levar a paz, o equilíbrio e a harmonia às vidas cansadas e sofridas, ensinando-as a viver sob o manto pacífico de Jesus que diz: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”.
Portanto, quem cura, quem alivia, quem liberta, é Jesus, nós, médiuns/Guias somos apenas instrumentos de Sua misericórdia, devendo, por conseguinte, estarmos o mais libertos possível e aptos a esse serviço, não de alienar os irmãos com crendices e histórias de carochinhas, mas com a perspectiva sadia de limpeza, purificação, doutrina, amor e crescimento espiritual.
Diz o nosso Pai Ventania que no Cruzeiro da Luz são chamados a trabalhar aqueles que já se cansaram de “brincar de bonecas e carrinhos”, ou seja: que estão aptos e desejosos de um amadurecimento espiritual, pois estão cansados da “brincadeira de religião umbandista”, com suas superstições e historietas, mas buscam, agora, na Umbanda, uma religião madura e sadia conforme o ideal de seu fundador, o Caboclo das Sete Encruzilhadas e que, como a flecha de Oxossi, aponta para a LUZ e nos lança nos braços de Jesus, nosso amado e Divino Oxalá, cobertos pelo manto amorável de Maria.
Já dizia o velho e sábio ditado que “Deus não chama os capazes, Ele capacita aos que escolhe, quando estes se deixam capacitar”.
Sem leitura assídua do Evangelho e sua meditação séria; sem estudo das obras kardequianas, principalmente o Livro dos Espíritos e o Livro dos Médiuns; sem conhecimento sadio da doutrina iniciática umbandista; e, sem esse amadurecimento que leva a um desenvolvimento mediúnico equilibrado, disciplinado e sadio, dificilmente um médium de umbanda se torna um instrumento hábil, e apto, à missão sagrada junto com seus Guias, de ser discípulo e apostolo de Jesus.
Mediunidade com Jesus é ascensão para o Alto. Mediunidade sem Jesus é campo favorável à interferência e atuação de espíritos ignorantes, que se afinizam com a ignorância e vaidade do médium.
Pai Valdo (Sacerdote Dirigente do T. E. do Cruzeiro da Luz)