PERGUNTA: — Que nos dizeis
quanto às palavras de Jesus, que Lucas e
Mateus lhe atribuem na cena da recusa do cálice de
amargura, no Horto das Oliveiras, assim expressas: "Pai,
afastai de mim este cálice". Segundo alguns estudiosos dos evangelistas, isso se refere a um momento de
vacilação do Amado Mestre?
RAMATÍS: — É óbvio que se isso ocorreu assim
como narram os evangelistas, então só Jesus
poderia ter explicado o
acontecimento, uma vez que João, Tiago e Pedro, que se achavam ali perto, dormiam a sono solto e não
poderiam ter ouvido tais palavras.
Quanto aos demais apóstolos, achavam-se
no celeiro da granja de Gethsemani, ao sopé da colina das Oliveiras.
Em verdade, a recusa do cálice de amargura, que a tradição religiosa
atribui a Jesus, trata-se apenas de um
rito iniciático dos velhos ocultistas, com
referência à vacilação ou ao temor de
toda alma consciente, quando, no espaço, se prepara para
envergar o fardo doloroso da vida carnal. O "cálice de
amargura" representa o corpo com o sangue da vida humana; é a cruz de carne, que liberta o espírito de suas mazelas cármicas no calvário das existências planetárias, sob os cravos da maldade, do sarcasmo e do
sofrimento. Só a pobreza da imaginação humana poderia ajustar as angústias de um anjo,
como Jesus, à versatilidade das emoções do mundo da carne. O espírito que já tem consciência de "ser" ou
"existir", também está credenciado para decidir e optar quanto à sua
descida à carne, podendo aceitar ou recusar o "cálice da amargura",
ou seja, o vaso de carne humana. Quantas almas,
depois de insistente preparo no mundo espiritual para encarnar-se na Terra,
acovardam-se à última hora e obrigam os técnicos siderais a tomar medidas urgentes, para não
se perder o ensejo daquela encarnação?
Do livro SUBLIME PEREGRINO.