A saúde e
a enfermidade são o produto da harmonização ou desarmonização do indivíduo para
com as leis espirituais que do mundo oculto atuam sobre o plano físico; as
moléstias, portanto, em sua manifestação orgânica, identificam que no mundo
psíquico e invisível aos sentidos da carne, a alma está enferma! O volume de
cólera, inveja, luxúria, cobiça, ciúme, ódio ou hipocrisia que porventura o
espírito tenha imprudentemente acumulado no presente ou nas existências físicas
anteriores forma um patrimônio “morbo-psíquico”, uma carga insidiosa e tóxica
que, em obediência à lei da Harmonia Espiritual, deve ser expurgada da delicada
intimidade do perispírito. O mecanismo ajustador da vida atua drasticamente
sobre o espírito faltoso, ao mesmo tempo que o fardo dos seus fluidos nocivos e
doentios vai-se difundindo depois pelo seu corpo físico.
Durante o período gestativo da nova
encarnação, esses resíduos psíquicos venenosos, provenientes de energias gastas
morbidamente, vão-se condensando gradativamente no corpo físico à medida que
este cresce e, por fim, lesam as regiões orgânicas que por hereditariedade
sejam mais vulneráveis. Esse processo de o espírito drenar o seu psiquismo
doentio através da carne humana, a Medicina estuda e classifica sob grave
terminologia técnica, preocupando-se mais com as “doenças”, em lugar de se
preocupar mais com os “doentes”. Embora a ciência médica classifique essa
drenação, em sua nomenclatura, sob a designação de lepra, pênfigo, sífilis,
tuberculose, nefrite, cirrose ou câncer, trata-se sempre de um espírito
doentio a despejar na carne a sua carga residual psíquica e deletéria, que
acumulou no passado, assim como pode tê-la acumulado no presente. A causa da
moléstia, na realidade, além de dinâmica, é oculta aos olhos, ou aos sentidos
físicos; o enfermo sente o estado mórbido em si, mas o médico não o vê nem pode
apalpá-lo, como se fora uma coisa objetiva. Quando ocorre a sua materialização
física, enfermando a carne, alterando os tecidos, deformando órgãos ou
perturbando os sistemas vitais, é porque o morbo-psíquico atingiu seu final,
depois, quase sempre, de longa caminhada oculta pelo organismo do doente, para
atingir a periferia da matéria e nesta se acomodar ou acumular. E que o
espírito, através de vigoroso esforço, termina focalizando os resíduos num
local orgânico vulnerável, na tentativa de sua eliminação tóxica. Por isso, não
é no momento exato que o indivíduo acusa os sintomas materiais da doença que
realmente ele fica doente; de há muito tempo ele já vivia mental e
psiquicamente enfermo, embora o seu mundo exterior ainda não houvesse tomado
conhecimento do fato.
As inflamações, úlceras, tumores,
fibromas, tuberculoses, sarcomas, quistos, hipertrofias, cirrose, adenomas,
amebíases, etc., são apenas os sinais visíveis identificando a manifestação
mórbida que “desceu” do psiquismo enfermiço para a exterioridade da matéria.
Ramatís - do livro FISIOLOGIA DA ALMA