Deus criou a
energia atômica, o homem diabolicamente fez a bomba nuclear liquidando milhares
de criaturas em poucos minutos; criou o álcool, que limpa metais, desinfeta
ferimentos, move motores, dissolve tintas, aquece no frio e é um vasodilatador,
mas o homem o usa para se perder no alcoolismo crônico. O Criador produz
laranjas, pêras, maçãs, alface, repolho e cenouras, mas o homem despreza a
dádiva divina de frutos e vegetais e, estupidamente, constrói matadouros,
charqueadas e frigoríficos, onde trucida aves e animais, seus "irmãos
menores", e depois os come assados, cozidos ou fritos, abarrotando de
restos de cadáveres o cemitério do estômago. Sem dúvida, os civilizados
superaram os honestos silvícolas, os quais devoravam a carne crua do adversário
valente sem o requinte culpável da panela de pressão ou da churrasqueira
moderna. Deus enfeitou as florestas com pássaros multicores, mas o homem, para
descansar do trabalho semanal, diverte-se caçando e matando as aves no tétrico
esporte da morte.
Quando o homem, munido de fuzis
automáticos, com lunetas telescópicas e sincronizados com luz infravermelha,
persegue e mata os animais desesperados em custosos "safáris", para
se envaidecer em rodadas de uísque, ele é consagrado destemido caçador; mas, se
o tigre ou o leão o mata, pelo direito recíproco de defesa, o "pobre caçador"
é então vítima de uma fera.
Ramatís - do livro O EVANGELHO À LUZ DO COSMO.