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domingo, 7 de agosto de 2011

Os Orixás à Luz da Umbanda Espírita Cristã

Congá do Cruzeiro da Luz

Fonte: Boletim Eletrônico Doutrinário do T. E. do Cruzeiro da Luz

Ano 2011 – 148
http://www.cruzeirodaluz.net/

O Templo Espiritualista do Cruzeiro da Luz, através da Umbanda Espírita Cristã, vivência religiosa dentro do movimento umbandista, tem a meta de buscar na sua doutrina a essência religiosa, ou seja, a sua instrumentalização capaz de religar o ser humano com a sua essência infinita, que é Deus.  Todo o culto, rituais, estudos visam sempre conscientizar as pessoas que o procuram, da realidade final de suas existências, ou seja, a realização não ilusória, mas permanente, da paz e alegria só encontrada na união com Deus, através do caminho, verdade e vida que é Jesus Cristo. Não existe, por parte do Cruzeiro da Luz preocupação ou intensão de impor sua visão crística, holistica, evangélica e doutrinária, mas apenas a de expor a sua visão, dentro deste grande Movimento Umbandista, a todos aqueles que buscam e se abrem ao conhecimento esclarecedor, esperando servir, os seus ensinamentos, para conduzir os irmãos ao encontro do verdaeiro Guia e Mentor, que é Jesus.

A Umbanda é um movimento religioso, planejado pelo Plano Espiritual, que abrindo um leque, pode oferecer aos seus adeptos diversas Casas  que acomodem os espíritos em evolução no seu momento consciencial evolutivo. Somos diferentes na forma e iguais na essência. A essência é a Umbanda. “Nossa religião é como um copo de água, onde a água é a Umbanda e o copo é a forma como bebemos essa água”(1). Não podemos, nem queremos apressar o momento de ninguém, mas queremos e desejamos impulsionar os irmãos que nos procurem a esse amadurecimento religioso espiritual, Nos diz Ramatis que “a evolução não dá saltos”, caminhamos, conscientes ou não, quer queiramos ou não, neste caminho oferecido por Deus em direção à nossa origem e verdadeira fonte, de onde brotamos, a eternidade, o infinito, Deus. O homem é o construtor da sua estrada, ou seja, de acordo com o seu aperfeiçoamento e aprendizado experiencial ele faz com que esse caminho seja uma estrada de barro, de pedras, asfaltada, etc. Tudo depende de Deus, mas tudo, em Deus, depende de nós. “A alma constrói o próprio destino, degrau a degrau”(2).

A visão  espiritualista referente aos Orixás varia muito, precisamente porque vai variar de acordo com a possibilidade de compreensão e visão do ser caminhante nesta estrada evolutiva. Daí dizermos que a Umbanda oferece Casas de todos os matizes de compreensão que se identifique com os indivíduos que religiosamente por elas caminham. Crítica, não. Na verdade “para cada pé tem um sapato que lhe cabe”(3). Mas, é necessário que haja palavras impulsionadoras para a frente e para o alto.

Quanto mais o homem está ainda apegado às ilusões da matéria finita e passageira, com suas paixões e brutalidades, a sua forma de ver e sentir o absoluto é deturpada pela atração material. “Do bruto ao anjo”. (4) Vejamos a história da evolução do homem intelectual através da história e suas formas religiosas, sempre voltadas para o hoje, aqui e agora, para as suas necessidades físicas/materiais nas quais se sente envolvido. Contudo, na própria história veremos que, dentro destas formas religiosas surgem, aqui e ali, Mestres, Guias, Condutores, impulsionando e ensinando maneiras de ver e sentir sempre voltados para o mais alto, para o infinito. São os Espíritos Superiores, de forma amorosa e abnegada, voltando-se para o impulsionamento da humanidade em direção da Luz Verdade, Deus. E, vejamos que a maioria deles teve que pagar com a incompreensão, o sofrimento e a própria vida encarnada, pela sua ousadia em trabalhar pela desinstalação dos indivíduos, sacudindo-os para que descobrissem que existe algo mais, melhor e verdadeiro, mas que, para enxergar e viver carecia do abandono das formas culturais e religiosas cômodas, mas ainda arraigadas na ignorância, imperfeição e finitude, para a busca de valores maiores onde o amor, o perdão e a vivência espiritual deveriam prevalecer. Basta a isso se ler o mito das Cavernas de Platão. “Antes que o homem possa ouvir a voz interna, tem de passar por um longo e árduo tirocínio de aprendizagem e, quando a voz fala, desaparece qualquer dúvida”.(5)



Como todas as religiões que se sucederam no tempo, a Umbanda tem, também, essa missão de religar o homem com sua Origem, Deus. De apontar o caminho do infinito, de sacudir e fazer desabrochar do charco da ignorância em relação ás coisas espirituais, ainda vividas pelos agrupamentos mediúnicos desordenados e sem orientação ética e evangélica, a verdadeira árvore que dá frutos de vida, de paz e reorganização do ser interior do homem, pela sua proximidade com Deus. “A Umbanda é uma árvore frondosa, que está sempre a dar frutos a quem souber e merecer colhê-los”.(6)

A visão desta realidade Divina, gerada pela  Mente de Deus, o Único Deus, o Único Criador, o Único Pai, e que se torna a causa e efeito de toda a energia circulante no universo, regidas e conduzidas por Espíritos de Alta Potência Evolutiva, a que damos o nome de Orixás, também varia. Sempre de acordo com a possibilidade de visão e entendimento dos agrupamentos espiritualistas, mas sempre impulsionada pela razão, para que se distancie de uma visão física/material, para uma proximidade da sua verdadeira natureza divina e espiritual.

Entendo que a visão em relação aos Orixás varia sempre de acordo com a nossa desinstalação do comodismo físico e ilusório, da nossa ignorância em relação às coisas do espírito, do nosso despertar quanto a visão da finitude da matéria. Eles passam a serem vistos desde uma bengala responsável pela nossa vida (se está caminhando bem ou não), como o faziam os Gregos e Romanos da antiguidade em relação a seus deuses antropomórficos, até à visão teológica espiritualista eivada do raciocínio lúcido e espiritualizado. Se minha vida está bem, é porque “o meu Orixá” está bem comigo, ou seja, eu os cultuo, “dou comida”. Estou cultuando o “meu Orixá” e não outro que me foi dado errado e, portanto “o meu Orixá” não está zangado e não vai brigar pela minha cabeça, me bater, atrasar minha vida, etc... Nesta visão, os Orixás não passam de deuses humanizados que odeiam, se zangam, fazem o bem e o mal de acordo com suas emoções e etc...

Encontramos nessa visão, infelizmente ainda tão arraigada entre alguns agrupamentos chamados umbandistas, uma imersão no temporal e um agarrar-se à ignorância cômoda para uma vida sem sentido de eternidade, apenas plantada na esfera física terrena. “Nunca esqueça que apenas os peixes mortos nadam a favor da corrente”.(7) É a necessidade, fruto da ignorância das coisas do espírito, da bengala, do responsáveis pela minha vida, pelos meus fracassos, enfermidades e morte. Desconhecem, de forma consciente, a Lei de Causa e Efeito, a Lei do Retorno. Preferem ainda uma religiosidade que os aprisionam ao medo, às possibilidades de troca material com a Divindade em função de seus propósitos materializados, mas que os livram da responsabilidade sobre si mesmos, seu crescimento e maturidade, seus medos, tédios e sofrimentos. É a religião infantilizada. Na verdade ainda não se trata de religião ou religiosidade e sim de crenças infantis e supersticiosas. Religião é religação com Deus. Se um movimento qualquer aprisiona em vez de libertar, aterroriza em vez de pacificar, não pode ser considerado uma religião, pois Deus é amor, Deus é paz, Deus é libertação. Nos dizem os Espíritos, em o Livro dos Espíritos, que somos responsáveis pela nossa própria vida. Colhemos hoje o que plantamos ontem. “Tudo que parte de nós retorna para nós, cedo ou tarde”.(8)

Se os elementos energéticos negativos nos envolvem, se os espíritos das sombras se aproximam de nós, se a dor e a enfermidade nos atingem, não têm como causa fatores externos e sim internos, ou seja, a nossa própria condição interior que se afiniza com tais elementos e os atraem, como o magneto atrai o metal. Despertar significa isso, amadurecer a visão e vivência espiritual, sair da ignorância ilusória, mãe de todas as dores, e olhar para a frente e para o alto, à luz da fé, sim, mas da fé raciocinada e libertadora. “Desperta, tu que dormes e o Cristo te libertará”.(9) O Cristo nos é apresentado no Evangelho como o Caminho, a Verdade e a Vida. Viver uma espiritualidade sadia não é buscar culpados para nossas dores e sofrimentos, é encontrar as razões delas e, com certeza, elas estão sempre em nós mesmos. Se a libertação, a felicidade e a paz estão em nós, pois “o Reino de Deus está dentro de vós”(10), as infelicidades, enfermidades e dores estão, também, em nós. Cure a causa que o efeito cessa.

Com certeza muitas encarnações serão necessárias para que despertemos totalmente, contudo, hoje é o dia de iniciarmos este despertar pela nossa busca autêntica da verdadeira felicidade e libertação, através da reflexão e destemor em entender e nos conscientizarmos de que somos todos filhos de Deus, saídos d’Ele e que retornamos a Ele pelos caminhos da evolução, cada um de acordo com sua escolha e maior ou menor desinstalação dos valores atrativos da matéria. Muitos espíritos, com ânimo e não pouco sofrimento, pois a estrada de volta é de aprendizado, experiência e maturidade, com mais rapidez se libertam e encontram essa paz e alegria imorredouras, outros vão mais devagar, mas sempre buscando o melhor e a integração da razão com a religião, muitos outros se perdem na instalação e  comodismo, continuando como cegos, tateando a materialidade como se essa fosse a eternidade do seu viver. “Aqueles que passam a sua vida na abundância e na felicidade humana são espíritos frouxos que permanecem estacionários.”(11)

Orixás: Senhores da Coroa Divina, assentados no alto do Altíssimo, de onde se projetam e dão início às suas hierarquias, que chegam até nós, aqui na Terra, como nossos Orixás individuais”.(12)

Os Orixás, como denominamos esses grandes regentes da manifestação de Deus que, de forma trina, agem septenariamente sobre o Cosmo, Criando, Mantendo e Transformando tudo, nessa ação constante e contínua, são Espíritos que estão de tal forma unidos a Deus que agem sob o impulso natural de Sua vontade como Seus prepostos nessa dinâmica criadora, mantenedora e transformadora. Como em Deus só existe perfeição total, essas vibrações emanadas do seu Ser, estão eivadas dessas suas perfeições que, na matéria, se manifestam como Qualidades ou Atributos Divinos, através dos quais devemos caminhar no retorno à nossa Essência, a Casa do Pai.

Por essas razões, não podemos olhar os Orixás como seres antropoformicos que agem como os humanos, com suas imperfeições e mesquinharias. São Seres de Luz, que atuam sobre o Universo, projetando-se do Seio Divino através das suas inumeráveis hierarquias. Isto nos leva ao entendimento do quanto errado está uma visão do “meu Orixá” que me bate, exige sacrifícios, necessita das minhas oferendas, quando não de matança de animais. Orixá significa ser Senhor da Luz, ou seja, Regentes das Sagradas Energias Vibratórias que criam, mantêm e transformam tudo, injetando nesse mesmo Universo, desde o Macrocosmo ao Microcosmo, as Qualidades Divinas que são sintetizadas no amor em ação. Assim a Fé, a Geração, a Lei, o Conhecimento, a Justiça, o Amor e a Sabedoria Evolutiva Transformadora são as essências desses Orixás, e a Umbanda Espírita Cristã os cultua, ouvindo e refletindo sobre as suas mensagens de ascensão, que cada um deles nos traz e proporciona.

O conhecimento desses Senhores Regentes era natural nos primórdios das grandes civilizações, especialmente os Lemurianos, onde seres de outras Galáxias estagiavam no aprimoramento para retorno às suas pátrias muito avançadas que não puderam, no seu tempo, acompanhar. Esse conhecimento, após ter soçobrado esse Continente, passou aos terráqueos ainda em processo inferior de evolução, que os interpretaram de acordo com suas capacidades intelecto/evolutivas, transformando-os em deuses e antropoformizando suas essências.

Na Bíblia encontramos a presença desses Grandes Espíritos na visão de João contida no Apocalipse: “A vós, graça e paz, da parte daquele que é, que era e que vem; da parte dos sete espíritos que estão diante do trono de Deus...”(13) “Do trono saiam relâmpagos, vozes e trovões. Diante do trono estavam acesas sete lâmpadas de fogo, que são os sete espíritos de Deus.”(14)

Como vemos, os Orixás, que compõem os Sete Sagrados Raios que emanam do Trono Divino, são os mesmo Espíritos Sagrados da Bíblia, Engenheiros Siderais da Teosofia, Arcanjos da Igreja Católica, Ministros da Natureza do Kardecismo, etc... Muda o nome, mas a realidade é a mesma. São Senhores condutores dessas energias Divinas que vêm ao encontro dos filhos desgarrados, dos filhos pródigos, dos espíritos decaídos, que somos todos nós, descortinando, pela criação material, patamares de ascensão, de volta ao Reino Virginal, ao Plano dos Espíritos de onde viemos. Essa criação, contudo, está marcada pelas virtudes, qualidades que temos que redescobrir em nós pela reforma íntima, a fim de voltarmos passo a passo à nossa essência divina, que está dentro de nós. Orixá, portanto, não são causadores de nossos sofrimentos ou desassossegos, mas mensageiros divinos a criar, manter e transformar a natureza em nosso benefício e a nos oferecer os instrumentos de energia vibrada da luz divina, para nossa evolução.

Na verdade, somos filhos de todos os Orixás, carecemos de todos eles, devemos amar, respeitar e cultuar a todos eles. Se temos um Eledá, cultuado na Umbanda, se trata da descoberta daquela Vibração qualitativa que somos incentivados a trabalhar em nosso vida encarnatória, uma vez que no nosso programa assim está escrito. Se Xangô, a justiça; se Oxum, o amor; se Oxossi, o conhecimento; se Ogum, a Lei Divina; se Oxalá, a religiosidade e a fé; se Iemanjá, a renovação criativa da vida; se Iansã, o equilíbrio emocional; se Nana, a purificação de nossos atos e pensamentos; se Obaluayê, a Sabedoria Evolutiva Transformadora.

Fora isto, vamos encontrar formas infantis e primitivas de entender os Orixás, muitas vezes encharcadas de superstições e crendices, meios pequenos de ver e cultuar Seres tão grandes. É ainda resquício de um passado onde a razão ainda não alcançava a possibilidade do infinito, pois ainda era a infância evolutiva dos habitantes do Planeta Terra. Hoje, as religiões sérias, a ciência, a revelação nos ofertam condições de conhecimento e  libertação da ignorância, cabendo a nós utilizar essa luz para nos engrandecermos, na mente e no espírito, pois são os meios de encontrarmos a paz e a libertação feliz a que aspiramos. “Conhecereis a Verdade e ela vos libertará”.(15)


Pai Valdo (Sacerdote Dirigente do T. E. do Cruzeiro da Luz)


(1)   Alexandre Cumino
(2)   Leon Denis
(3)   Exu Malandrinho do Cruzeiro das Almas
(4)   Ramatis
(5)   Mahatma Gandhi
(6)   Caboclo das Sete Encruzilhadas
(7)   Malcom Muggeride
(8)   Um Espírito Amigo
(9)   Apostolo Paulo
(10) Jesus
(11) Allan Kardec
(12) Rubens Sarraceni
(13) Apocalipse 1:4
(14) Apocalipse 3:5
(15) ) Jesus


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