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sábado, 15 de outubro de 2011

O câncer dos médiuns


FUI ELOGIADO NO CENTRO E GOSTEI... TENHO CÂNCER!

“Nossa, mas que título é esse, Julio Cesar”? Perguntaria Pai Valdo. Perguntaria também meu saudoso pai e minha mãe... Engraçado que, quem tem nome composto assim, quando somos chamados pelos dois nomes, é por que vem “bomba” aí...rs...mas, francamente falando, embora o título seja agressivo, a intenção tem essa conotação: Agredir a moléstia cancerígenea como o próprio câncer é agressivo. E a moléstia cancerígenea do médium se chama vaidade. Os irmãos querem ver a derrocada de um médium? É vê-lo se envaidecer, recebendo elogios das pessoas, sejam da leiga assistência ou dos incautos irmãos médiuns (que deveriam estar depilados de saber que não se deve elogiar os irmãos, nem se permitir receber elogios) e se abastecendo com isso, se alegrando e “se achando” com isso. Ele permitirá que a chama malévola da vaidade reascenda e o queime por dentro, insuflando-o a vivenciar algo que não lhe pertence: o benefício trazido às pessoas. Sim, claro! Diz Mestre Zarah: “Quem cura é Jesus! Quem realiza é Jesus! É ele quem salva e cura e nós somos meros instrumentos de Sua Misericórdia”!

Médium nenhum, seja o Aspirante mais recente, sejam os membros da Hierarquia, devem conviver bem com os elogios e, acertadamente, repudiá-los de forma forte e decidida (sem ser grosseiro, por favor, mas forte como o café deve ser...rs).

Certa feita me foi feito um elogio por algo que fiz, que não era mais que minha obrigação, pois a tarefa foi aceita por mim e se me foi delegada o mínimo que devia e podia fazer era desempenhá-la. Portanto, se aceitei é por que saberia fazê-la. Nada mais que minha obrigação. E, na hora, me lembrei de Jesus repudiando Pedro quando esse o “incensou”...rs...:” Aparta-te de mim, satanaz!”. Daí, disse o mesmo, brincando, mas, como diz o Sr. Malandrinho, procurando ensinar nas entrelinhas. Era Pedro o satanaz? Era o “elogiante” o satanaz? Não, em momento algum. Mas o ato incauto do elogio precisou sofrer o efeito forte para uma causa perigosa, pois assim o ato de repúdio quebra todo e qualquer vínculo energético que possa ser criado, e infiltrado pelas sombras no afã de derrubar a obra crística, fragilizar um elo (o médium) no seu trabalho de recondução das pessoas à paz e alegria. Ainda ouvi a seguinte justificativa pelo elogio: “Mas o Sr. já está escolado com isso”. Antes de tudo, nós todos do Cruzeiro da Luz devemos estar escolados em dois aspectos a esse respeito: não elogiar e não aceitar o elogio. Daí minha resposta: Jesus nos manda orar e vigiar. Se não orarmos e vigiarmos não há “escolaridade” que nos sustente. E talvez o repúdio ao elogio “tenha sido lembrança atávica de uma aula dessa escola do orar e vigiar”, que me fez assim reagir e quebrar pseudos elos com nossas fraquezas sombrias. Fraquezas essas que todos nós possuímos. Se algum médium (ou pessoa qualquer) disser que não tem vaidade, penso que “além de vaidoso, é mentiroso (ou está sendo)... Nem que seja pra si mesmo”.

Por isso a vaidade será sempre um câncer
na vida do médium que, tal qual o urubu, que tanto falamos, sobrevoando nossas cabeças, embora não possamos impedir que sobrevoem, contrairemos o câncer se permitirmos que esse mesmo urubu venha e faça ninho sobre essas mesmas cabeças.

Creiam, meus irmãos, que mesmo o termo “câncer” sendo forte e nos dando a sensação de “incurabilidade”, o Evangelho está eivado de quimioterapias da alma, trazidas pelos grandes nomes da humildade. Vamos a João, o Batista...rs... que nos presenteia com duas doses maravilhosas de anti-vaidade: “Eu não sou dígno de amarrar suas sandálias”, e continuando seu discurso profético, “...é preciso que eu diminua para que ele cresça”! Vamos à Paulo, no ato em que é derrubado do seu pedestal de orgulho e vaidade e se vê menor do que não supunha ser: “Senhor, o que queres Tu que eu faça”?. Inteligência e percepção do “seu tamanho” naquele exato momento. No decorrer de sua vida liberta e libertadora ainda nos brinda com essa máxima: “...quando sou fraco, então sou forte”. Reconhece e vive sua pequenez e se torna grande ao ouvir Jesus lhe dizer: “Paulo, a minha graça te basta”! E por que não falarmos do próprio Cristo, quando o jovem rico chega para ele e se dirige dessa forma: “Bom Mestre...”? Qual a resposta de Jesus? Eis a resposta: “Por que me chamas “bom”? Bom só o Pai que está nos céus...”! E nós nos revestindo dos “sisses” e “tasses” da vida (“se sentindo” e “tá se achando”). Quanta bobagem...

É... achamos todas essas passagens lindas...rs... lindo, mas vivemos isso quando alguém da Assistência, ao descermos as escadas do Templo nos diz que “nosso Guia é muito bom”? Será que temos a perspicácia e consciência cristã que “bom é Jesus” e sendo assim, “até que o nosso Guia é muito bom mesmo, pois o nosso Guia é o Cristo”, assim como dos irmãos espirituais que atuam conosco mediunicamente? O que nosso íntimo responde numa hora dessas?

Quando era moleque, estava na praia com 3 amigos e dois eram irmãos que estavam muito felizes, pois ambos haviam ganho, cada um, uma Caloi do pai por terem passado de ano (!). E perguntaram ao meu outro amigo o que ele havia ganho por ter passado de ano. Ele respondeu: “Nada. Meu pai diz que não faço mais do que minha obrigação”. Engraçado não? Que pai sovina...rs! Que nada, sabedoria pura. É dever do aluno estudar e passar de ano. Simples assim. É dever do médium se preparar para toda e qualquer atribuição dentro do Templo. Não é ato de coragem ser chamado a pregar quando na sua intimidade de trabalhador ele já disse sim a Jesus. Aquele que assim pensa, se coloca distante de suas condições de ser capacitado pelo Cristo. Se torna apenas um “médium”, quando Ele, o Rabi da Galiléia, nos chama a pastorear ovelhas em seu nome, tornando-nos Obreiros Seus.

Irmãos, lembremos da prece que fazemos quando teminamos o cântico de Santo Antônio: “Senhor, ensina-nos a iluminar as nossas vidas e, em Vosso Nome, ajudar a iluminar a vida de nossos irmãos...”. Portanto, não iluminamos a vida de ninguém. Isso é atribuição e competência de Jesus. A nós, indignos do solado de Suas sandálias, apenas a compentência de seguirmos Seus passos e repassarmos, com verdade e amor, Suas palavras de libertação e vida. Obviamente, sem sermos ditadores ou não reconhecermos os valores de cada um, inclusive os nossos.

Me recordo até de um episódio, quando fiz uma boa palestra, e me disseram: “Hoje era o Sr. Pena Branca. Ele falou bonito”(!). Daí pensei,: “Vem cá, eu não tenho valor algum? Não estudo, não me preparei, não sei falar? Sou uma marionete então”? Vaidade ou “orgulho santo” pensar assim? Ué, se me chamaram e fui capacitado, então posso. Portanto, fui eu quem fiz a palestra e portanto, tenho valores. Temos valores sim, mas que isso não suba nossas cabeças! Mas observemos, todos nós. Além do quê, pelo Alto é visto os avanços de todos. Afinal de contas tais avançoes são, também, sintomas da vitória sobre a “carne” e o médium se permitindo a ser Obreiro, deixando-se, humildemente, ser capacitado. Ok. É belo vermos a superação daqueles que, ao contrário da vaidade, não acreditam em si mesmos e, esforçando-se, abrem seus corações para a capacitação que vem do Alto e se vencem. A esses, o sorriso largo do Plano Espiritual, mas lembrando de Pai Ventania: “Festa (nesse caso, alegria) é trabalho”! que bom, superou um obstáculo? Tá pronto para mais um ofício. Portanto, vamos trabalhar e não perder tempo chamando para si uma “honra” que pertence a apenas um: Jesus.

Então, aprendermos a dar passe não é mais que nossa obrigação. Aprendermos a incorporar e, consequentemente, nossos Guias “riscarem ponto” não é nada de mais! É ordem natural das coisas. Anti natural é acharmos que agora somos seres encantados e poderosos. Ah! quanta “bobagem de vestiário”... Ah! o Eclasiástico serve para quê, quando este “grita” aos nossos ouvidos e salta os nossos olhos, dizendo: “é tudo vaidade”? Quando um Guia “risca seu ponto”, por exemplo, é sinal que “enfim, aprendemos a começar a aprender”, pois “isso tudo” é apenas a raiz do pelo pubiano, a sombra da silhueta da ponta do iceberg... que o momento é de nos prepararmos, devida e honestamente, para as nossas atribuições e não para nossas apresentações ou desempenhos. Nada do que foi feito até aqui ou que acontecerá daqui por diante é mérito, mas sim resgate do que foi mal feito em priscas eras, cumprimento de um acerto de contas, início da realização de um projeto pré-estabelecido, etapa vencida de uma programação de vida já feita.

Diante disso, creio que a “cada etapa vencida” mais devemos prestar atenção nas sandálias de Jesus, e ver o quanto ainda estamos distantes do cadarço delas, pela nossa indgnidade humana quando a vaidade nos norteia a alma e procuramos ser “mais realistas que o Rei”. Ora, “a quem iremos nós se só tu tens palavra de vida eterna”? Perguntou Pedro. E nós médiuns? Vamos a quem? À nossa vaidade? À nossa auto-suficiência? Sem Jesus somos poeira ao vento, irmãos. Portanto, para um Corpo Mediúnico, torna-se inadmissível a entrada desse câncer (a vaidade) em nossas vidas. Aquele que permite o deitar em nossa cama mental de um elogio ou um abraço de “parabéns” (pelo desempenho de um dever moral espiritual), está deixando que a serpente da vaidade seja desperta, dinamizando-a para que se alastre e polua todo o campo de conhecimento adquirido dentro de uma Seara Religiosa. E este, se rápido não cair em si (na sua Damasco íntima), periga se transformar numa laranja podre a contaminar um saco inteiro. Daí, eis a Lei direcionando-o à geena do fogo para que, nesse período, se depure e no tempo certo, o do despertamento, reencontre seu caminho e por ele ande.

E, falando em sandálias, lembremos dos 24 pés sujos dos Apóstolos que o Rei dos Reis os lavou, paciente e amorosamente, um a um, antes da ceia pascal.

Portanto, irmãos, sem me alongar tanto quanto das outras vezes, obervemos se estamos permitindo que esses pormenores perigosíssimos (pequeninos “parabéns”, tapinhas nas costas, elogios rasgados ou pseudo minimalistas, comentários incenssórios de vestiário, chamada de atenção sobre “nossos feitos”, etc.) estão penetrando em nosso ser, neste caso estamos correndo o sério risco da metástase reencarnatória. As encarnações e a oportunidade divinal de servirmos Jesus é o método encontrado por Deus para nos curarmos, mas se não matarmos os reagentes à luz que existem ainda em nosso ser, o câncer se alastra e nos devora, acabando com nossas possibilidades de socorro íntimo, de libertação e, pior, mais ainda comprometidos com a Lei, pois rompemos, por pura vaidade, nosso compromisso com o Pastor dos Humildes.

Reflitamos para que estejamos sempre diminuindo a fim de que Ele cresça... Daí, sua Graça sempre nos bastará, e com isso, cresceremos e seremos fortes, na Graça Dele, nosso Divino Pastor!

Abraços a todos e as bençãos de Oxalá!

Pai Julio(Pai Pequeno do T. E. do Cruzeiro da Luz)
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