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terça-feira, 13 de março de 2012

As almas opressoras no além túmulo

       As almas enfermiças e tirânicas, que semeiam a dor, a fome e a orfandade mediante suas tropelias sangrentas, frutos de sua excessiva ambição e orgulho, transitam no Além, acompanhadas pelo mesmo cortejo dos seus velhos comparsas, que as insultam, as perseguem, as ameaçam e responsabilizam por todas as suas desditas, amarguras e desprezos. Algemadas às vítimas impiedosas e vingadoras, açoitadas pelas tempestades das regiões inferiores e mergulhadas nos pântanos mais repugnantes, sofrendo os sarcasmos dos próprios espíritos satânicos que as incentivaram ao genocídio, na Terra, elas vagueiam em bandos, torturadas até o dia em que possam renascer na matéria sob a bênção do esquecimento do passado.
            Alucinadas e acometidas pela incessante superexcitação e angústia, do remorso, sem pouso e sem alívio, só lhes resta o recurso de encerrarem o seu inferno íntimo no biombo da carne terrena, a fim de amortecerem as lembranças cruéis do passado durante a fase sedativa de inconsciência entre o berço e o túmulo físico.       
     As almas dos déspotas sanguinários, vítimas da loucura, do egoísmo, da cobiça e autores do morticínio de milhares de criaturas sacrificadas para garantir-lhes a prepotência e a ambição, são como o cavalo selvagem que arremessa o seu cavaleiro ao solo, produzindo-lhe ferimentos nas quedas dolorosas. Infelizmente, pela vibração violenta das energias maléficas que ainda excitam-lhe o perispírito, o tirano, o conquistador sanguinário e os seus comparsas perversos, ao encarnarem na Terra, o trauma psíquico que os perturba violenta-lhes o trabalho harmônico das células físicas, fazendo-os nascer idiotas e anormais.  
            Sob o violento e desordenado abalo do perispírito, alteram-se as linhas de forças na composição dos genes e no ajuste dos cromossomas do corpo físico. Então o déspota surge à luz da vida terrena, parvo, alienado do cérebro e dos nervos, vivendo sob a chacota e sarcasmo da mesma humanidade que tanto subestimou e prejudicou no passado. Assim, o corpo do idiota reflete as condições enfermiças do espírito brutal ali encarnado, funcionando à guisa de um cárcere que reprime os impulsos desordenados e perigosos do seu ocupante, tal qual o freio domina o cavalo fogoso e desatinado. As paixões violentas como a crueldade, a ambição e o orgulho que desatam as forças do instinto animal selvático, impossibilitadas de sua ação destruidora, vão se debilitando pouco a pouco, de modo a não voltarem a manifestar-se sob os mesmos impulsos indomináveis. A glândula pineal, delicadíssima antena do sistema psiconervoso, "central elétrica ou usina piloto" do organismo humano, funciona, nesse caso, oprimida na sua atuação, tomando-se incapaz de transmitir, com clareza, a mensagem racional dirigida pelos neurônios, que constituem o aparelho receptor e transmissor do espírito para a matéria. Nesse retardamento obrigatório, de um corpo físico tardo no seu metabolismo motor e nervoso, o perispírito enfermiço readquire, gradualmente, a sua vibração normal e a alma, o seu domínio salutar.
            Represando na carne o seu excesso perturbador, ela submete-se à terapêutica obrigatória do repouso vibratório, pois disciplina a sua emotividade, reprime as forças instintivas que fervilham na intimidade perispiritual, assim como o cavalo indócil, atado a pesado veículo, também fica impedido dos desatinos prejudiciais a si mesmo.
            Pouco a pouco, a alma enferma, que, pelos seus impulsos animalizados, praticou crimes, distúrbios e atrocidades coletivas no mundo físico, termina por corrigir-se dos excessos danosos sob o domínio das "grades" de um corpo físico deformado. Ela exaure-se e cansa, ante as tentativas inúteis de dominar, a seu talante, um sistema nervoso rígido e retardado, que lhe anula a coordenação dos raciocínios e a impede de usar suas forças maléficas.
            As paixões tão comuns dos déspotas e guerrilheiros, como o orgulho, a ambição, a prepotência e a impiedade, que eles manifestam quando portadores de corpos sadios e cérebros normais, terminam arrasadas e impedidas de qualquer ação sob o organismo carnal atrofiado. As suas idéias perigosas e as emoções atrabiliárias nem chegam a ultrapassar-lhes o campo subjetivo, pois extinguem-se ou cessam por falta de um sistema cerebral nervoso, correto e sensível capaz de dar-lhes forma e ação no mundo exterior.
            Contudo, não há punição deliberada para tais espíritos doentes, mas apenas a reparação espiritual no sentido de se ajustarem ao padrão de vida superior. O corpo imbecilizado a subjugar-lhes os impulsos homicidas, sufocando-lhes a eclosão violenta das paixões animais, constitui-se no abençoado "estágio" para a sua evolução espiritual no futuro.


Ramatís - do livro ELUCIDAÇÕES DO ALÉM
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