Quantas drogas são usadas para manter em alta a falsa e fugaz euforia?
Parecemos
que não temos mais consciência individual e voltamos a ser
almas-grupos, tal a penetração do hipnotismo coletivo que nos faz agir
como marionetes de cabeças ôcas...
Informa-nos
Sr. Tranca Rua das Almas que nesta época - tal a intensidade do magnetismo de atração
pelas emanações mentais dos habitantes da crosta - abrem-se portais de
passagem no umbral inferior que faz com que gigantescas legiões de
espíritos de baixa envergadura vibratória em péssimas condições
perispirituais invadam as cidades onde haja concentração carnavalesca,
no intuito de realizarem os mais sórdidos desejos sensórios que os
corpos carnais conseguem lhes fornecer, um ataque das trevas formando um grande festim diabólico.
Um retrato infernal nos pintaria Dante Allighieri?!?
Um retrato infernal nos pintaria Dante Allighieri?!?
Emmanuel fala sobre o Carnaval
Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso, que deve
presidir a existência das criaturas, pode fazer a apologia da loucura
generalizada que adormece as consciências, nas festas carnavalescas.
É lamentável que, na época atual, quando os conhecimentos novos
felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave maravilhosa dos seus
elevados destinos, descerrando-lhe as belezas e os objetivos sagrados da Vida,
se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com
o título de civilização. Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas,
geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o caráter e os
sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso
espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas
indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais
esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados
fazem desaparecer.
Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso
das forças da treva nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta
para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do
dever.
Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de
necessidade e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se
enfeitem e se intensifiquem o olvido de obrigações sagradas por parte das almas
cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divinos.
Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas
consumidas em semelhantes festejos, na assistência social aos necessitados de
um pão e de um carinho.
Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os
cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras. Por que protelar
essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas
nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de
pão e de carinho que será a esperança dos que choram e sofrem? Que os nossos
irmãos espíritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretensiosas
opiniões, colaborando conosco, dentro das suas possibilidades, para que
possamos reconstruir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas.
É incontestável que a sociedade pode, com o seu livre-arbítrio
coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um
mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá
fornecer com isso um eloqüente atestado de sua miséria moral.
Emmanuel
Psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier em Julho de 1939 / Revista
Internacional de Espiritismo, Janeiro de 2001.