Os que se suicidam através de quedas e
se estatelam arrebentados sobre o solo, ou que se atiram sob as rodas dos
veículos que lhes trituram as carnes, comumente tornam a se encarnar vitimados
por cruciantes enfermidades, que se situam na patologia dos artritismos e
reumatismos deformantes, sofrendo as dores dos ossos que estalam, nervos que se
rompem e músculos que se rasgam. Alguns se arrastam penosamente como aleijados
congênitos, com os corpos quebrados e os músculos torcidos. Outros, que atearam
fogo ao seu corpo e preferiram abandonar o mundo sob a destruição pelas chamas,
quase sempre retornam ao meio de onde fugiram, reproduzindo em si mesmos a terrível
forma patológica do pênfigo foliáceo, ou seja, a moléstia popularmente
conhecida como "fogo selvagem". Esses sofrem intermitentemente, na
carne nova, as angústias e a causticidade da loucura suicida da existência
física anterior quando, rebelando-se contra a Lei da Vida, se consumiram nas
chamas ardentes. Atravessam a encarnação seguinte com a sensação atroz do
combustível destruidor, que ainda parece queimar-lhes as carnes destruídas pela
revolta contra a vida dada por Deus.
O punhal fatídico ou o tiro mortal que
dilacera o coração do trânsfuga da vida humana deixa-lhe no perispírito a marca
fatal e lesiva para a outra existência, criando-lhe o pesado fardo da incurável
lesão cardíaca a torturá-lo incessantemente com a ameaça da morte. O chacra
cardíaco, como órgão intermediário do duplo-etérico, responsável pela diástole
e sístole do coração físico, não sé desenvolve a contento na zona cardíaca do
perispírito violentado pelo suicídio da última existência. Então se vê obrigado
a reduzir a sua função dinâmica costumeira, mantendo-se em débil rotação
energética durante o comando do novo coração carnal do ex-suicida,
atendendo-lhe apenas ao mínimo de vida exigível para as suas relações com o
mundo exterior da matéria.
Ramatís - do livro A SOBREVIVÊNCIA DO ESPÍRITO.