Só podemos insistir fastidiosamente na tecla batidíssima de
que só há um caminho para qualquer médium lograr o melhor êxito no seu trabalho mediúnico que é o estudo incessante
aliado à disciplina moral superior.
O Espiritismo explica que não existem privilégios por parte de Deus para
qualquer de seus filhos. Deste modo, nenhum médium
ignorante, fantasioso ou anímico transformar-se-á em um instrumento sensato,
inteligente e arguto, se não o fizer pelo
estudo ou próprio esforço de ascensão espiritual.
Não contrariamos a tese de que é preferível o médium
analfabeto, ingênuo e imaginativo, mas dotado de virtudes cristãs sublimes, ao médium intelectivo, culto e
desembaraçado, porém vaidoso, mal
intencionado ou interesseiro. Mas é evidente
que ainda é melhor o médium humilde, bom e desinteressado, mas estudioso das obras espíritas e dos bons compêndios profanos, que se imuniza contra os
automatismos psicológicos, as sugestões alheias e as interferências anímicas.
Atualmente o homem não precisa nascer em berço
privilegiado para ser culto, pois as
facilidades modernas..., desmentem os que
por displicência alegam dificuldade
para se educar. Aliás, já nem é preciso
enxergar para ler, pois até os cegos já dispõem de vasta biblioteca em
"braille". Alguns médiuns avessos à leitura abandonam-se à fama voluptuosa e cômoda de que são excelentes medianeiros, embora analfabetos. No
entanto, o certo é que o fazem mais por preguiça e
desinteresse do seu progresso
intelectivo e espiritual. Todo ser convocado para contribuir mediunicamente
junto à mesa espírita - ou no terreiro de umbanda - deve se reconhecer uma criatura endividada procedendo à
colheita dos frutos espinhosos da sementeira imprudente do passado. Sob tal condição, ela assume graves compromissos para com
os seus benfeitores desencarnados, assim como é responsável pela própria
renovação moral, intelectiva e espiritual.
O primeiro dever do médium analfabeto ou inculto é
justamente o de alfabetizar-se e procurar adquirir cultura, lembrando-se de que o sacrifício inicial, para
isso, pode ser uma imposição do seu
próprio carma muito gravoso. Não se justifica o
velho e cômodo sistema, muito de gosto de alguns médiuns displicentes, de justificarem a sua
ociosidade mental com a esfarrapada desculpa de possuírem a inata
intuição, sensata e certa, de todas as coisas, sem qualquer conhecimento das
obras espíritas. Os mais ingênuos ainda acrescentam que o seu vasto conhecimento intuitivo os dispensa
atualmente de qualquer novo
aprendizado doutrinário, pois é fruto do seu contato com o Espiritismo
em vidas anteriores.
Sem dúvida, todos
os homens nascem analfabetos, mas todos precisam aprender a ler. Uma vez
que as próprias crianças conseguem
alfabetizar-se, é evidente que isso ainda será bem mais fácil para os
adultos, que já possuem maior desenvolvimento e acuidade mental. Inconscientes
do seu ridículo, aqueles que se blasonam de
ser iletrados, mas inatamente cultos, lançam torrentes de sandices... e exortações
prenhes de lugares comuns à conta de
brilhante tese filosófica...
Ramatís - do livro MEDIUNISMO.