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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Apelo carinhoso


             Aquele grupo, denominado Caminheiros, constituído de 12 (doze) pessoas, havia se desligado recentemente de uma casa, dita espírita Kardecista. Até aí nada demais, pois cada grupo pode defender seus pontos de vista da forma que achar melhor, trabalhando onde bem entender, a não ser pelo fato de no estatuto da referida casa constar o compromisso de divulgar e levar o conhecimento da codificação Kardecista, a quem dela queira se esclarecer, o que era distorcido por alguns que se diziam apômetras e não espíritas.
Desta forma, como alguns membros da casa disputavam o “poder”, sobre o que não sabemos, pois em matéria de espiritualidade este assunto é um tanto controvertido, sendo muita pretensão, ou ignorância nossa, afirmar categoricamente que os encarnados detêm o poder de comandar os amigos da luz.  Já em relação ao lado das sombras, aqueles que se acham poderosos, normalmente são manipulados sub-repticiamente pelas entidades sombrias para dar vazão aos seus interesses escusos. Enredando-se assim, ambos os lados, encarnados e desencarnados, em conluios difíceis de resolver entre os personagens que ora se encontram aqui ora acolá.
             Então como o grupo Caminheiros não concordava com o pretenso uso dos amigos e mentores espirituais para resolver picuinhas da vida pessoal, profissional e amorosa de familiares, resolveu desligar-se da célula mater. Diga-se que esta tarefa foi traumática para ambos os lados, de vez que uns sentiram-se traídos e outros machucados em seus princípios básicos acerca da vida espiritual. Isto não significa, entretanto que os componentes do Caminheiros fossem cidadãos exemplares e dotados da mais alta envergadura moral, eram apenas seres comuns, lutando para se tornarem pessoas melhores e tentando arduamente um futuro melhor para si.
Assim os 12(doze) como se chamavam, carinhosamente entre si, começaram a se encontrar em uma pequena garagem a titulo de saleta, nos fundos da casa de um dos componentes do grupo, que cedeu gentilmente o cômodo, apenas para dar continuidade aos estudos e reforçar a união entre eles. Até porque não é aconselhável manter trabalhos na seara espiritualista, fora de um ambiente adequado e devidamente preparado para tal fim. Ou seja, residências são como o próprio nome diz para residir, morar, habitar. Então devemos proteger e manter o nosso lar isento de energias que não sejam as de nossa família, tarefa esta bastante difícil, devido ao choque de interesses entre nossos parentes mais próximos.
Reiniciados os estudos, na sala improvisada, trataram eles de curar suas dores, de vez que a ruptura brusca, deixou em cada um algumas marcas profundas, que só o tempo e o entendimento dos entrelaçamentos e enredos cármicos poderia esclarecer.
Nada como o tempo. Decididamente a frase “o tempo é o melhor remédio”, contém verdades intrínsecas, porque à medida que passam os dias e os anos, percebemos que os fatos que nos machucavam no passado, perdem a força. Compreendemos então e assimilamos mais uma lição para guardar em nossa memória eterna.
Escoava o tempo e os Doze dedicavam- se a pesquisa e aos estudos, os irmãos da espiritualidade ditavam mensagens esporádicas, no sentido de aumentar a confiança e a esperança daquelas pessoas em encontrar uma casa” para trabalhar. Preparam-se durante três anos, ora pacientes, ora desanimados, ora assistindo a partida de algum componente em busca de um novo caminho. Aceitaram as decisões de cada um, mesmo com o coração despedaçando, porque entendiam que se dividiam para mais tarde somar. E assim foi, até que um dia quando discutiam como iriam se reorganizar, de vez que haviam recebido convite de um núcleo espirita para trabalhar e tinham incertezas se os amigos da espiritualidade seriam os mesmos, se o dirigente espiritual mudaria. Duvidas e mais dúvidas surgiam, quando um dos médiuns deu passagem para uma das entidades que os acompanhava trazendo através da psicofonia a seguinte mensagem:

Fia... Sunceis qué sabe?
Tamém sei... I posso dizê,
De todos dessa Banda.
Essa Mãe Velha... Tamém faiz,
Trabaiadores do bem.
Braço forte. Cabeça feita... Pra ajudá!
De modo que tamém vem,
Aqui representá...
Mãe Velha Zuza!
Pode trazê proceis, meus fios,
Toda ajuda que percisá!
Que os trabaiadô podi percisá!
Mais é di um mediadô,
                Pra trabaiá, que mãe Zuza percisa!
                Pruquê inda num tá definido o trabaiadô!
Só amô proceis!
Mãe Zuza.

Quando o médium terminou de transmitir o recado carregado de amor e humildade, todos estavam em lágrimas, chorando agradecidos ante o testemunho de tamanha benção, em que um amigo espiritual foi encarregado de trazer o amor do Pai a todos através de uma preta velha. 
Reconfortados encerraram o encontro de estudos e foram para suas casas com os corações banhados de esperança! Uma claridade estava surgindo no fim da estrada escura e daqui para frente voltariam a trabalhar em favor dos doentes da alma, com a certeza do amparo e do aval do plano espiritual, para desempenhar suas atividades na seara do bem. 
O planejamento estava concluído e as equipes destinadas a dar cobertura no plano espiritual determinadas, portanto mais um ponto de luz e de esperança, iniciava a espalhar sua tênue claridade em todos os planos compatíveis com a proposta de trabalho apresentada ao Pai. Independentemente de quem ou qual, este ou aquele. Anônimos ou conhecidos eles estariam amparando os Doze.


Lizete / médium do Triângulo

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