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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O curandeiro enviado*


       - Curo a matéria putrefata, destruída pelos abusos que tens praticado. Meu objetivo é que cada um de vós, expostos diante dos fenômenos que não compreendeis, tenhais a fé fortalecida no poder do meu Pai, o Deus único, eis que recomponho as chagas de vossos organismos danificados, mas caberá somente a cada de um de vós as obras que curarão vossos espíritos enfermos, o verdadeiro ente que está doente... Ato contínuo ergue as mãos e olhando para o Alto -  os que estavam neste encontro puderam ver com assombro - as pústulas putrefatas de todo o corpo do homem pedinte que bradava com os braços erguidos foram imediatamente recompostas.        

          Na entrada da cidade o aguardava uma multidão de desafortunados composta de enfermos das mais variadas etiologias. Eram mancos, leprosos, paralíticos, cegos e muitos outros, enraivecidos, gemiam com a dor pungente enraizada nos desgraçados que escoam para o corpo físico suas mazelas para esterilizar as nódoas que traziam em seus espíritos.
         Em meio à multidão combalida, um pobre homem abria os braços e erguia-os ao alto mostrando as mãos corroídas por repugnante putrefação que se espargia por todo o seu corpo físico – um andrajo rastejante. Somente seus expressivos olhos não tinham sido corroídos pelas chagas nauseabundas. Esperava àquele que se dizia o Enviado, e que tinha fama de curandeiro. 
           Num dado momento aumenta o tumulto e os alaridos dos rastejantes, que gritavam pedindo misericórdia, eis que se aproximava Ele, aquele que curava os corpos em nome do Pai, para que revigorados na matéria tivessem mais uma oportunidade de renovação do espírito, o verdadeiro doente e que só podia ser curado de fato pela mudança de consciência daquelas criaturas ainda ignorantes do Reino dos Céus.
            De repente, se aproxima o Enviado do pórtico de entrada da cidade. Cessam-se os alaridos e um silencio balsamizante se estabelece no ambiente. Todos aguardam esperançosos. Todos rogando misericórdia. O profeta Enviado se aproxima e fala com um ancião de longas barbas brancas, um sacerdote da sinagoga local que estava ali para ver com seus olhos e comprovar o embuste deste falso messias - ao seu ver. Em voz pausada, doce e harmônica, diz o Mestre:
       - Quantos me esperam, e ao mesmo tempo quantos me repelem!...Sou o semeador de meu Pai e não venho colher. Não venho para ter seguidores. Em verdade, em verdade vos digo, que pelo amor do meu Pai, aqueles que trabalharem na minha vinha encontrarão o néctar da paz nas almas e a cura dos seus espíritos doentes, porque uma só é a Lei e um só é o bem e um só é o Deus que deve ser cultuado nos altares que estão corrompidos pela cobiça, dissimulação e vaidade dos sacerdotes. 
        O silencio era absoluto e todos se encontravam como que hipnotizados por algo que lhes era intangível – a aura do Enviado por si já acalmava e cessava as dores físicas. Sua voz como melodia divina era acompanhada de uma orquestra de querubins do Plano Oculto e fazia vibrar o ambiente num clima auspicioso e cheio de júbilo. Os que estavam mais próximos d’Ele enquanto se dirigia para o centro da plateia que se formara, tocavam-lhes as bordas da túnica e imediatamente eram curados. Disse o Mestre:
      - Curo a matéria putrefata, destruída pelos abusos que tens praticado. Meu objetivo é que cada um de vós, expostos diante dos fenômenos que não compreendeis, tenhais a fé fortalecida no poder do meu Pai, o Deus único, eis que recomponho as chagas de vossos organismos danificados, mas caberá somente a cada de um de vós as obras que curarão vossos espíritos enfermos, o verdadeiro ente que está doente. 
         Ato contínuo ergue as mãos e olhando para o Alto -  os que estavam neste encontro puderam ver com assombro - as pústulas putrefatas de todo o corpo do homem pedinte que bradava com os braços erguidos foram imediatamente recompostas.
          O ancião de barbas brancas - sacerdote judaico - sorrateiramente, volta consternado para a sinagoga. Estava estarrecido pelo poder deste Rabi, que sem preconizar quaisquer ritos de purificação, pagas, imolações animais ou sacrifícios como o da expiação do bode, curava com uma facilidade nunca antes vista. Realmente teriam que tomar medidas rigorosas para impedirem o avanço das multidões que cada vez mais menosprezavam a classe eclesiástica da qual ele fazia parte. Pensava que medidas urgentes eram necessárias e que teriam que dispor de todas as moedas necessárias para atingirem seus objetivos: matarem este profeta verdadeiro, para que eles continuassem nos seus tronos de dominação perante o povo. 
            Ainda teve tempo de escutar a voz doce daquele ser de luz falando a multidão curada:
           - Não sou Deus, sou o filho de Deus, meu Pai, assim como vós também o sois. Hoje falo às multidões que me seguem para curar seus corpos e por ignorância tem seus espíritos doentes, mas que amanhã seguir-me-ão no paraíso porque estarão com seus espíritos curados e trabalharão na minha obra. O progresso é eterno e sabeis que vivereis para sempre. Hoje tinham nos corpos cobertos de úlceras o líquido pestilento e fétido que escorria em vossas peles e que, pela minha vontade, associada ao amor de meu Pai, o fiz transformar-se em perfume inebriante. Em verdade todos vós podereis fazer o que eu faço, eis que meu Pai está em mim, e eu estou em vós. Infelizmente, muitos de vós não vindes a mim, logo não estais em mim, mas chegará o dia de unificação cósmica que todos seremos um com o Pai. Quando este momento chegar seremos uma unidade de luz clareando os caminhos dos que estão na escuridão, eis que a evolução nunca cessa e é infinita a jornada e as moradas de meu Pai.
    
         (*) Nota: Este texto foi escrito intuitivamente e bem poderia ser Jesus o Enviado. Ocorre que se passaram 2012 anos de sua estada entre nós, mudaram-se os cenários, mas inacreditavelmente, o enredo e as personagens continuam os mesmos no teatro da existência humana.

Muita paz, saúde, força e união.
Norberto Peixoto.
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