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segunda-feira, 18 de junho de 2012

Não julgueis


      
      O Mestre Jesus sempre servia-se das imagens do mundo terreno, conhecidas e convencionadas em sua época, para expor os ensinamentos espirituais a fim de que o homem pudesse assimilá-los o mais profundamente e além do limite objetivo da própria vida. Mas em face de sua sabedoria incomum, Jesus tecia as suas parábolas de tal forma, que as mesmas configurações descritas e enquadradas na vivência comum social e moral da época, ainda hoje estimulam e orientam a dinâmica mental do homem moderno para melhor conhecimento da vida imortal. Graças à dedicação persistente e às conclusões sensatas de um espírito de alto gabarito, como foi Allan Kardec na composição da doutrina espírita, o homem atual já pode avaliar mais intimamente as leis e os fenômenos autênticos da vida espiritual. E sob o mecanismo disciplinado da mediunidade, os espíritos mensageiros e instrutores, quando atuam por médiuns sensatos, estudiosos e fiéis, ajudam a humanidade para melhor aperceber-se do conteúdo esotérico do Evangelho de Jesus, fixando-lhes uma interpretação cada vez mais espiritual e menos humana.
Os ensinamentos de Jesus, lembrando energia de "alta voltagem" sideral', podem ser regulados conforme a capacidade receptiva das lâmpadas humanas e entendidos sensatamente em cada época de análise e divulgação. Assim, a máxima do "Não julgueis para não serdes julgados" significava, para os homens incipientes da época cristã, uma severa advertência contra a injustiça, maledicência e calúnia, mas ainda algo restrito ao tipo da vida judaica. Após a alvorada do Espiritismo, esse mesmo conteúdo se delineia em sua intimidade esotérica e se torna mais genérico em relação à vivência do espírito imortal. Em vez de sentença exclusiva e regular, o intercâmbio entre os homens amplia-se no seu sentido moral, abrangendo já algo do processo cármico no julgamento das relações e conseqüências entre os espíritos nas suas encarnações sucessivas. Já não se trata de um conceito mais propriamente disciplinador e relativo à vida do povo judeu, porém extensível à continuidade da vida espiritual, abrangendo os maus e os bons juízos que o espírito pronuncia no decurso de todo o processo de sua angelização.
Do mesmo conceito, que se referia mais, particularmente ao procedimento incorreto e injusto do cidadão existente na época de Jesus, quando julgava o adversário, desconhecido, amigo e até parentes, mas sem julgar-se a si mesmo, o Espiritismo já identificou o encadeamento predominantemente espiritual. No futuro, após a comprovação científica da realidade do espírito imortal, que será identificado pela instrumentação de precisão laboratorial, o homem, então, compreenderá que a miniatura do próprio metabolismo cósmico palpita ativamente na intimidade de sua própria alma. Os conceitos de Jesus, "Não julgueis, para não serdes julgados" e "Não condeneis para não serdes condenados", são importantes advertências de que toda ação negativa do espírito redunda sempre em seu próprio prejuízo, pois julgar o alheio é "medir-se" a si próprio. Aliás, é muito conhecido o fenômeno da psicologia do mecanismo de defesa do "ego", que é a sua fanática projeção, em que para ressaltar-se ou elevar-se o homem julga o próximo e o diminui por uma conclusão inferior.
Muito além da simplicidade de um julgamento pessoal de homem para homem, essa sentença do Cristo abrange a vivência do espírito, através de suas encarnações. Ela vincula o espírito a princípios e regras científicas, conforme já comprovamos, filosoficamente, pela psicologia moderna. Não aludem exclusivamente ao julgamento terra-a-terra, quando um acusado pratica qualquer delito e deve sofrer uma pena de acordo com os códigos regionais. Mas isso também se refere quanto ao fato de a criatura julgar os equívocos, as imprudências e os pecados dos seus irmãos, e depois verificar a frustração de já ter procedido assim em vidas anteriores, ou aperceber-se de que ainda poderá praticá-los no futuro. Sob a vestimenta de um conceito moral a propor melhores hábitos morais aos judeus, as análises psicológicas modernas podem comprovar que essa conceituação de Jesus é mais propriamente uma lei do que um aforismo, e que além de funcionar fora do tempo e do espaço, ainda adverte e disciplina as atividades cármicas dos espíritos na sua ascese angélica.

Ramatís - O Evangelho À Luz do Cosmo
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