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segunda-feira, 22 de julho de 2013

O médium e a iniciação à "luz do dia".

        
        Antigamente as iniciações espirituais eram secretas e exclusivas das confrarias esotéricas, cujas provas simbólicas e até sacrificiais, serviam para auferir o valor pessoal e o entendimento psíquico dos discípulos. Mas os candidatos já deviam possuir certo desenvolvimento esotérico e algum domínio da vontade no mundo profano, para então graduarem-se nas provas decisivas. Deste modo, o intercâmbio com os mestres ou espíritos desencarnados só era permissível aos poucos adeptos eletivos às iniciações secretas.
         No século XX, o discípulo evoluiu pelas provas iniciáticas que se lhe apresentam a todo momento na vida cotidiana, sem necessidade de recolher-se a instituições, conventos ou fraternidades iniciáticas. O treinamento do espírito deve ser exercido no convívio de todas as criaturas, pois sofrimentos, fracassos, vicissitudes ou misérias do mundo são lições severas e argüições pedagógicas do Alto, que graduam o ser conforme o seu comportamento. Não é preciso o homem isolar-se do mundo numa vida puramente contemplativa, a fim de alcançar a sabedoria espiritual que o próprio mundo oferece na experimentação cotidiana! O discípulo diligente e disciplinado na argüição espiritual da vida moderna promove-se para nível superior sabendo aproveitar cada minuto de sua vivência atento aos postulados crísticos contidos nos preceitos evangélicos de Jesus!
       É evidente que os homens freqüentam igrejas católicas, templos protestantes, sinagogas judaicas, mesquitas muçulmanas, pagodes chineses, santuários hindus, centros espíritas, "tatwas" esotéricos, lojas teosóficas, maçonaria, fraternidades Rosa-Cruz ou terreiros de Umbanda, buscando o conhecimento e o conforto espiritual para suas almas enfraquecidas. Mas o seu aperfeiçoamento não se processa exclusivamente pela adoração a ídolos, meditações esotéricas, interpretações iniciáticas, reuniões doutrinárias ou cerimoniais fatigantes. Em tais momentos, os fiéis, crentes, adeptos, discípulos ou simpatizantes, só aprendem as regras e composturas que terão de comprovar diariamente no mundo profano. Os templos religiosos, as lojas teosóficas, confrarias iniciáticas, instituições espíritas ou tendas de Umbanda, guardam certa semelhança com as agências de informações, que fornecem o programa das atividades espirituais recomendadas pelo Alto e conforme a preferência de determinado grupo humano.
       Mas as práticas à "luz do dia" graduam os discípulos de modo imprevisto porque se exercem sob a espontaneidade da própria vida dos seres em comum. Aqui, o discípulo é experimentado na virtude da paciência pela demora dos caixeiros em servirem-no nas lojas de compras, ou pela reação colérica do cobrador de ônibus; ali, prova-se na tolerância pela descortesia do egoísta que fura a "fila" de espera, ou pela intransigência do fiscal de impostos ou de trânsito; acolá, pela renúncia e perdão depois de explorado pelo vendeiro, insultado pelo motorista irascível ou prejudicado no roubo da empregada!
       Assim, no decorrer de nossa atividade humana, somos defrontados com as mais graves argüições no exame da paciência, bondade, tolerância, humildade, renúncia ou generosidade! Fere-nos a calúnia dos vizinhos, maltrata-nos a injustiça do patrão, judia-nos a brutalidade dos desafetos ou somos explorados pelo melhor amigo! É o Evangelho, portanto, com sua doutrina racional e eletiva à mentalidade da atualidade, que pode ensinar-nos a melhor compostura espiritual no momento dessas provas iniciáticas à "luz do dia", sem complexidades, mistérios ou segredos. É tão simples como a própria vida, pois no seio da agitação neurótica e competição desesperada para a sobrevivência humana, o homem do século XXI decora os programas salvacionistas elaborados no interior dos templos religiosos ou instituições espiritualistas, para depois comprová-los nas atividades da vida cotidiana.

Ramatís.

Texto adaptado do livro A MISSÃO DO ESPIRITISMO.

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