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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Iniciação com Orixã Nanã - um feixe de luz varreu a escuridão.

       
         
        Na Umbanda, com as iniciações internas, decorrência da vivência no templo, ritualizadas através de liturgias propiciatórias, expandimos nossa sensibilidade psíquica e mediúnica para percebermos com mais clareza - claridade ou iluminação interna - o mundo transcendental dos Orixás e os nossos ancestrais – benfeitores espirituais. São experiências religiosas em comunhão grupal, e se acompanhadas do estudo contínuo, reflexão sobre os estados vivenciados de consciência alterada e busca incessante do autoconhecimento, "seguramente" nos conduzirão a um destino alvissareiro: sermos seres humanos – espíritos – melhores e felizes na vida, na comunidade de "santo", na família e na sociedade. NORBERTO PEIXOTO.

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         Estava pensando no significado da palavra feixe e busquei dois dicionários da língua portuguesa, pois pretendia dar o significado correto da mesma e encontrei o seguinte: a)coisas da mesma espécie unidas no sentido do comprimento: feixe de palha; b) conjunto de raios luminosos paralelos ou quase paralelos, de uma fonte comum: feixe de luzes; entre outras mais. Fiquei pensando sobre o porquê de tal atitude, pois as pessoas devem saber e então isto seria chover no molhado. Mas quando fico martelando algo em minha cabeça enquanto não coloco em ação a ideia não tenho sossego, parti logo para a minha busca. E quando encontrei o que procurava fiquei feliz e aqui vai o motivo. Um texto intimista que relata uma experiência marcante, vivida durante uma noite de trabalho na casa onde desenvolvo minhas atividades como médium umbandista, estudando e trabalhando com afinco em prol da coletividade e principalmente de mim mesma, tentando compreender a relação dos seres humanos com o Divino, representado através dos Orixás. Relação que vem se desenvolvendo e amadurecendo através dos séculos e das mais diversas culturas, ligando o homem ao sagrado, seja através do medo ou da adoração, para que haja um melhor entendimento da figura representativa de um Deus que ainda não é bem compreendido por falta de melhores conceitos que sirvam para esclarecer de vez que na maioria das vezes são colocados apenas em termos intelectuais ou de imaginação popular.
       Então como é de praxe na Casa Umbandista após o trabalho de passes e consultas com as entidades manifestadas, depois que todos os frequentadores são atendidos e a portas se fecham para o público, inicia-se um trabalho com toques e cantos para os Orixás e para as diversas linhas de trabalho, conforme a necessidade da corrente mediúnica e sempre de acordo com a orientação repassada pelos mentores astrais para o Zelador e dirigente responsável pela comunidade religiosa. E assim, como habitualmente ocorrem após as sessões públicas – que são atendidos em média 200 pessoas -, realizou-se a “limpeza” energética da corrente e da casa, encaminhamento de entidades sofredoras, doentes em geral, das energias densas e pesadas, deixadas pelas dores dos seres humanos, das formas pensamentos, sempre com a ajuda das falanges do bem e restabelecido o reequilíbrio dos médiuns o fim de mais uma noite estava próximo quando o Dirigente solicitou a todos que não estavam incorporados que ajoelhassem para o Orixá Nanã, que se manifestava “ocupando” vários médiuns ao mesmo tempo, notadamente num transe coletivo de possessão característico com movimento dos corpos peculiares ao mito ancestral revivido pelos toques de atabaques e cânticos,  para sentirmos plenamente a energia e vibração ( axé ) de Nanã fazendo louvor em forma de reza e rogativa, fixando-nos o encantamento sagrado que se fazia intenso pela ritualização vivenciada e indutora dos estados alterados de consciência. Não saberia dizer quanto tempo se passou porque ao nos identificarmos com a energia – axé - de Nanã perdemos a noção das horas, nos elevamos e deixamos de sentir o corpo físico, mesmo posicionados como estávamos, não sentíamos os joelhos, nossos ossos não reclamavam da posição incômoda, o esqueleto físico não se manifestava em desconforto. E durante o transcorrer da louvação, concentrada e acompanhando mentalmente as palavras do dirigente que nos guiava e orientava naquele momento através do seu verbo mediunizado - psicofonia -, abriu-se o meu campo de visão psicoastral e percebi através da ajuda da espiritualidade e dos guias que nos mostram aquilo que podemos e suportamos ver para nosso esclarecimento e orientação, que estava muito escuro acima de nós, em algum ponto no céu a escuridão se fez aterradora, não sei em que dimensão a cena transcorreu, mas repentinamente surgiu num canto, bem no alto um feixe de luz tão intenso que varreu a escuridão, como um farol, guiando os navegantes nas noites de tormenta. No momento me veio à mente a figura do Arcanjo que com sua luz varre a escuridão abissal numa promessa de redenção para os que apresentam condições de serem resgatados das sombras. Foi muito intenso e me marcou.
       Olhava com os olhos da alma -  a terceira vista - e uma voz explicou que era a bondade do Criador, manifestado através do Orixá. Assim como o Arcanjo ilumina as trevas abissais do planeta com a sua misericórdia, de tempos em tempos qual farol redentor o Pai envia sua luz, através do Filho para dissipar as trevas da humanidade e consolar os humildes e misericordiosos. Suavizando os caminhos e os percalços da humanidade, lembrando que não estamos à mercê das trevas, mas apenas de nossos próprios caprichos e desmandos. Fiquei muito impressionada tal a magnitude e o poder da luz, porém após o término dos trabalhos “apaguei” o mesmo da memória, esqueci total.    
        Durante a madrugada de sábado recordei através do sonho em duas etapas diferentes e quando acordei repentinamente as cenas ainda se passavam em minha memória, reais e vivas, com tanta força que resolvi registrar através da escrita, procurando fazê-lo mais fiel possível, tentando repassar a emoção que ainda sinto quando penso sobre a vivência que participei.
      
Lirializ

Médium do Triângulo.    
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