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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Cidade dos anjos 2

                 Os pais umbandistas, estudiosos e praticantes pediram com todo fervor ajuda aos amigos Exus e a seus Guias. E de pronto, ao olhar pela fresta da veneziana o pai que tinha vidência viu o Exu guardião da casa frente ao portão junto com uma falange de guerreiros de Ogum prontos para defender o lar. Entretanto dentro do quarto, Larissa levantou repentinamente e com uma voz rouca e transfigurada falou para os pais que boquiabertos assistiam imóveis, em choque:
_ Porque estão aqui? Deixem Larissa em paz! Ela é minha noiva! Temos filhos e moramos na Cidade dos Anjos!
     - Sou o anjo Nachlachtanaelle! Ninguém pode nos separar! Ordeno que se retirem! Logo estaremos unidos para sempre! Saiam!
Dito isto um vento frio perpassou o quarto e Larissa caiu desfalecida sobre o leito! Pai e mãe correram para ajudar a reanimar a filha e abraçados, consternados, chorando, imploraram ajuda. E como as orações com boas intenções são sempre ouvidas, foram intuídos a buscar ajuda na casa de umbanda com um grupo que trabalhava com distúrbios anímico-obsessivos, com amor e respeito por todos os seres. Obedecendo a Lei maior sob a égide de Xangô, senhor da justiça. Com proteção de OGUM e suas falanges. 
No dia marcado para o atendimento Larissa mais os pais compareceram. E por ser menor de idade foi acompanhada pela mãe, relatando o que segue:
- Como estava muito pra baixo, cheia de dúvidas, me sentindo deixada de lado pelos meus pais em função de irmão caçula. Achava que meus pais gostavam mais dele do que de mim. Sem ter um namorado para dividir minhas tristezas e alegrias. Sem tempo para mim por ter de ajudar em casa, falei com minha amiga Glória que me aconselhou a entrar em contato com a Cidade dos Anjos. Que este procedimento é normal entre os jovens deprimidos e que lá encontram parceiros para dividir as mágoas existenciais e preencher suas carências. Que os anjos são serem excelentes que os adolescentes e jovens casam-se com eles e constituem famílias e têm filhos. Ela teria na vida fictícia mais de vinte anos e um ou dois filhos com o tal anjo. Em breve estariam definitivamente juntos. Inclusive já encontrara a amiga e outros jovens conhecidos por lá e sabia que eles também frequentavam o local.
Com base nestas informações, foi iniciado o trabalho. Claro está que a Cidade dos Anjos é uma alegoria e uma cilada ardilosa para os mais desprevenidos e doentes da alma, depressivos em geral.     Porque na realidade trata-se uma cidade umbralina que recruta jovens com parcas defesas morais e evangélicas. Criaturas que não creem em Deus, que se sentem abandonados e não confiam nos pais, ou cujos pais deixaram de se preocupar com eles, não lhes dando a atenção, o amparo e o aconchego familiar que merecem.     Como Larissa era dotada de alta sensibilidade e vidência relativa, foi dada a ela a oportunidade de ver o suposto anjo, que na realidade era um ser umbralino. Quando a garota reconheceu a criatura quase desmaiou, não queria acreditar, principalmente quando o dito incorporado num médium começou a gritar e reivindicar a posse daquela que considerava sua propriedade.  Dizendo que ia leva-la com ele e que ninguém ia conseguir separar os dois. Que ela tinha procurado por ele. Que era mais comum do que pensamos jovens se dirigirem a tal cidade.  Que eles não tinham laços anteriores e que haviam se conhecido recentemente.     Virou-se para ela e perguntou:
- Larissa! Sei que você me ama. Quer vir e ficar comigo? Diga que sim e jamais ninguém vai conseguir nos separar. Vociferou o ser.
- Não! Você não é quem pensei! Não quero mais saber! Chega! Chega! Pelo amor de Deus! Gritou Larissa apavorada.
Quando citou o nome do Pai uma luz clareou a sala, as falanges socorristas se movimentaram e recolheram o “anjo umbralino” para um posto de socorro, onde ia enfrentar o machado de Xangô, para verificar o peso da sua balança cármica e ser encaminhado então para um lugar de seu merecimento. Dentro da Justiça e da Lei. Quem pensa que determina para onde as entidades serão encaminhadas está muito enganado, porque este assunto não compete a nós, que não conhecemos e nem temos acesso às fichas cármicas dos seres. Então para não ultrapassar a linha divisória do bom senso devemos ter respeito pela vivência de cada um. Cautela e discernimento, deixando para os amigos da espiritualidade as tarefas que dizem respeito aos destinos de cada ser.  Tão devedores ou mais que somos. Motivo pelo qual estamos aqui fazendo este tipo de tarefa. Trabalhando e educando a nossa mediunidade. Devolvendo o equilíbrio onde provocamos desarmonia. 
O dirigente espiritual do grupo comunicou que a “cidade dos anjos” fora isolada e que estava encerrada no momento a participação do grupo. A espiritualidade maior se encarregaria do assunto daqui para frente. Ao grupo competia agora dar assistência para a garota e sua família. E assim foi feito um longo trabalho de autoajuda, fluidoterapia e palestras, visando fortalecer e devolver a esta família a alegria de viver, retomando o ritmo normal de suas vidas, com base no amor e na confiança. Fica para nós um alerta. Que nos lembra de que devemos ser vigilantes conosco e com aqueles que estão ao nosso redor. Devemos observar o comportamento dos membros de nossas famílias e também o nosso. A famosa frase “Orai e Vigiai” deve acompanhar nossas atitudes, porque se nos conhecemos e conhecemos nossa maneira de agir, qualquer mudança será detectada a tempo de evitar maiores transtornos, buscando então a ajuda necessária. Pois que nem sempre temos força suficiente para sozinhos enfrentar forças estranhas e desconhecidas.     A prática do Evangelho fortalece as defesas do nosso lar e ilumina os nossos caminhos, beneficiando-nos com o amparo dos amigos da espiritualidade.

 Lizete - médium do Triângulo 

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