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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Etnocentrismo é dos espíritas, não do espiritismo!



"Assim, pois, pode-se ser católico, grego ou romano, protestante, judeu ou muçulmano e crer nas manifestações dos Espíritos e, conseqüentemente, ser-se espírita. A prova está em que o Espiritismo tem adeptos em todas as religiões” - ALLAN KARDEC
   
          Conforme o dicionário On Line Wikipédia, “etnocentrismo é um conceito antropológico, que ocorre quando um determinado indivíduo ou grupo de pessoas, que têm os mesmos hábitos e caráter social, discrimina outro, julgando-se melhor, seja pela sua condição social, pelos diferentes hábitos ou manias, ou até mesmo por uma diferente forma de se vestir.”
       “Essa avaliação é, por definição, preconceituosa, feita a partir de um ponto de vista específico. Basicamente, encontramos em tal posicionamento um grupo étnico considerar-se como superior a outro. Do ponto de vista intelectual, etnocentrismo é a dificuldade de pensar a diferença, de ver o mundo com os olhos dos outros.”
        No meio das religiões e das crenças humanas o etnocentrismo se dá quando somos de opinião que a nossa crença, doutrina ou sistema religioso é superior, mais evoluído ou melhor que a dos outros.
         Mas isto ocorre entre nossos irmãos espíritas?

      Sou profundamente agradecido pela oportunidade de ter feito escola de médiuns, durante 5 anos, num centro espírita pertencente a FERGS. O contato com a moral do evangelho, sob a égide do espiritismo, alicerçou em meu psiquismo, a base necessária para que o exercício da minha mediunidade, aconteça em condições razoáveis de segurança mediúnica. Por outro lado, escuto até os dias atuais, seja de renomados médiuns espíritas praticantes ou de insignes espíritos autores de vários livros, afirmações tais como:
-  nós espíritas, por sermos alunos mais adiantados de Jesus...
- os espíritas precisam dar o exemplo, pois lhes foi dado a quarta revelação, o espírito da verdade que trouxe a doutrina mais evoluída para o homem moderno...
- os espíritas são os indicados a praticarem com mais perfeição os ensinamentos evangélicos, do que seus irmãos de outras crenças menos evoluídas...
         Em minha singela opinião estas assertivas são dos médiuns e espíritos espíritas e, a meu ver, desvinculadas do cerne filosófico, religioso e moral do espiritismo. O codificador Allan Kardec, extraído da obra “O que é o Espiritismo”, livro de domínio público, afirma:
       “A doutrina hoje ensinada pelos espíritos nada tem de novo; seus fragmentos são encontrados na maior parte dos filósofos da Índia, do Egito e da Grécia, e se completam nos ensinos de Jesus Cristo”.
       “Sob o ponto de vista religioso, o Espiritismo tem por base os verdadeiros fundamentos de todas as religiões: Deus, a alma, a imortalidade, as penas e recompensas futuras. Mas é independente de qualquer culto particular. Seu fim é provar a existência da alma aos que negam ou que disso duvidam; demonstrar que ela sobrevive ao corpo e que, após a morte, sofre as conseqüências do bem e do mal que haja feito durante a vida terrena – e isto é comum a todas as religiões”.
           “Como a crença nos Espíritos é igualmente de todas as religiões, assim é de todos os povos, por isso que onde há homens há Espíritos e, ainda, porque as manifestações são de todos os tempos, e seus relatos, sem qualquer exceção, se acham em todas as religiões. Assim, pois, pode-se ser católico, grego ou romano, protestante, judeu ou muçulmano e crer nas manifestações dos Espíritos e, conseqüentemente, ser-se espírita. A prova está em que o Espiritismo tem adeptos em todas as religiões”.
      “Não sendo os Espíritos mais do que as almas, não é possível negar aqueles sem negar estas. Admitindo-se as almas ou Espíritos, a questão se reduz à sua expressão mais simples: as almas dos que morreram podem comunicar-se conosco?”.
      “O Espiritismo prova a afirmação com os fatos materiais. Que prova podem dar que isto seja impossível?  Se o é, nem todas as negações do mundo impedirão que o seja, porque isto não é um sistema, nem uma teoria, mas uma lei da natureza. E contra as leis da natureza é impotente a vontade dos homens.”
       Como livre pensador que sou, submetendo ao crivo da minha consciência, descarto as assertivas etnocêntricas dos médiuns e dos espíritos espíritas e fico com o universalismo convergente demonstrado pelo codificador da doutrina, desvinculando o espiritismo dos sensos de superioridades orgulhosas de seus prosélitos encarnados e desencarnados. 
       Não existe religião, doutrina ou crença melhor que outra. A religião é adequada se inserida dentro das Leis Cósmicas Universais e se conduz seus crentes a iluminação interior. Sem dúvida, no meio espírita ortodoxo organizado, estão reencarnados muitos egos ligados ao clero sacerdotal católico e com forte atavismo em suas consciências, ressonância do passado oriunda dos séculos penumbrosos que animaram a "santa" inquisição (o próprio Kardec foi queimado pela inquisição na sua encarnação como JOHN HUSS). Naturalmente, predispõe-se o psiquismo destas criaturas, hoje engajadas no espiritismo, a posturas atávicas etnocêntricas - superiores aos outros.
       Em essência, seguindo orientações de Allan Kardec, reconhece-se o verdadeiro espírita pelos seus esforços de aprimoramento moral e evangélico, independentemente dele vincular-se a determinada religião instituída no planeta. 
          Sob este tema, da ilusão do senso de superioridade ou etnocentrismo dos espíritas, indico o vídeo abaixo:



       Muita paz, saúde, força e união,

        Norberto Peixoto
       Maçom, umbandista, espírita, africanista, universalista e imperfeito, fã de Jesus e um eterno aprendiz do evangelho. 

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