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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Jesus, o Psicólogo Sideral.




RAMATÍS: - Não esqueçamos que a essência esotérica do pensamento de Jesus, enunciada no Evangelho, é sempre o fiel reflexo das próprias leis que coordenam e orientam a vida do espírito imortal na organização de sua consciência individual. O Divino Mestre jamais condenou o pecador; porém, adverte, insistentemente, quanto ao prejuízo que causa o pecado. Através do Evangelho, ele ilumina o caminho dos homens e aponta-lhes os escolhos dos vícios aniquilantes, os abismos das paixões perigosas e as ilusões do poder e das gloríolas humanas, que prejudicam a verdadeira vida do espírito imortal. Ensina a prudência humana para amainar os desejos indisciplinados e a sensatez para o espírito encarnado manter-se no rumo certo do norte espiritual. Recomenda ao homem viver no cenário do mundo material sem ferir ou dificultar a vivência dos demais companheiros em provas. Adverte quanto à ambição humana desmedida na posse dos "tesouros que as traças roem e a ferrugem come"; sobre o perigo do orgulho que explode e depois lança a alma no inferno fluídico dos charcos purificadores do Astral Inferior. Lembra quanto à perversidade, que depois fere tragicamente o próprio autor cruel, na lei implacável do choque de retorno, "onde cada um há de sofrer segundo as suas obras". O Evangelho não é julgamento ou condenação dos espíritos ainda incipientes, e que se turbam na escalonada espiritual evolutiva nos mundos de formas; mas é apenas um "Código Moral" de vida superior, algo semelhante a um manual cívico disciplinando a conduta do futuro cidadão sideral, sob a miniatura esquemática das próprias leis do Universo. Não é de sua função exclusiva disciplinar homens para viver felizes na vida humana transitória, porém, um tratado sublime e catalisador de conscientização para o mais breve ingresso do espírito ao banquete angélico e eterno do "reino de Deus".

            Jesus, Psicólogo Sideral, Coordenador de todos os demais instrutores espirituais que o antecederam nos evos findos, jamais cometeria o equívoco de exigir que um espírito ainda no alvorecer de sua consciência devesse agir sob o mesmo senso de justiça de um iniciado. Seria absurdo o jardineiro exigir do singelo botão vegetal em formação a mesma composição de beleza e perfume, que só pode oferecer a rosa na plenitude de sua fragrância odorante, e na sua atraente configuração floral.
            O homem maduro pode pecar pela injustiça, mas arrepende-se sinceramente desse ato indigno e sempre procura reparar a sua ignomínia. Em sua consciência mais desenvolvida, ele só vislumbra o senso de justiça que se sublima cada vez mais para o estado definitivo do Amor. Mas a criatura espiritualmente imatura não se apercebe do seu agir censurável, tal qual o botão de rosa, que mal reponta na haste vegetal e ainda não pode manifestar o perfume e a beleza só possível à flor desabrochada. Se ainda lhe predomina na alma a lei do mais forte e do melhor para si próprio, não lhe é possível entender que o próximo também busca a mesma coisa e tem o mesmo direito de ser feliz. Então, será injusto em julgá-lo e condená-lo, porque também pretende a máxima satisfação. Mas é o egoísmo, malgrado ser censurável, que fundamenta a convergência dos atos e amplia a esfera da posse humana, a fim de organizar o centro de consciência do futuro indivíduo, crescendo individualmente no seio de Deus. Só despontam os primeiros alvores da justiça e se afina o sentimento do homem pela filantropia, após ele se saturar de que "carrega demais e usa tão pouco". Então, despertam-lhe os primeiros bruxuleios do espírito, e um senso primário de justiça principia a convencê-lo de que os "outros" também merecem possuir tanto quanto ele possui e não devem ser julgados nem condenados por isso.
            O sentimento de altruísmo, embora inicialmente ainda interesseiro, desenvolve-se, pouco a pouco, e a criatura principia a doar o que lhe sobeja, ou mesmo, pesa no seu patrimônio excessivo. Mas, pelo hábito e pelo exercício, o ser adquire a experiência e elucida a mente atingindo o limiar do altruísmo, seja pela espontaneidade do espírito pressentir uma satisfação superior, ou até um bom negócio com a Divindade, nessa realização pacífica e agradável.
            Assim, Jesus, o Amado Mestre, não se preocupa em "julgar" ou "censurar" o espírito do homem, que ainda transita pelo curso do egoísmo na sua romagem encarnatória, que é o processo iniciático e formativo da própria consciência espiritual, lançada na corrente evolutiva da matéria planetária. É razoável, e mesmo justificável, que o homem imaturo ainda pratique injustiças sob os impulsos e os atos incontroláveis de sua intimidade egocêntrica e animalizada, e nada ver nisso de censurável. Mas, para que o ser adquira o próprio senso de justiça, é evidente que ele deve ser submetido à retificação de quanto é injusto, conforme age e disciplina a Lei do Carma.
            Em verdade, não há departamento punitivo criado por Deus, a fim de julgar e condenar os espíritos que pecam pela injustiça; mas é tão-somente a Lei que na sua pulsação impessoal e responsável pela harmonia e equilíbrio cósmico em todas as latitudes de manifestação da vida, repõe cada coisa e cada ser na sua freqüência eletiva, tal qual o músico desafinado é advertido pelo maestro a retomar o ritmo harmônico do conjunto orquestral. Quer os pecados dos homens sejam deliberados ou impensados, haja arrependimento do mau ato praticado ou continue a insensibilidade humana, cabe à Lei a providência de eliminar o defeito e ajustar a peça desgovernada na pulsação harmônica do Universo.

Do livro EVANGELHO À LUZ DO COSMO.
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